“Com esta solução de BRT – Bus Rapid Transit, modo de transporte em canal segregado, os sistemas de mobilidade da cidade irão beneficiar de um modo de transportes com padrão de serviços ao nível da fiabilidade, frequência e cumprimento de horários alinhados com os padrões de serviços dos modos em canal próprios, como os sistemas de metro”, afirmou o presidente da empresa Metro do Porto, Tiago Braga.
O lançamento do concurso público internacional para a conceção e construção do metrobus Boavista-Império, que esteve inicialmente previsto para 21 de maio, foi anunciado hoje, numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, e do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro.
Num investimento global de 66 milhões de euros suportado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o primeiro eixo de ligação por via BRT vai ligar a Praça do Império e a Rotunda da Boavista e tem um prazo de execução de 20 meses, 18 dos quais reservados à obra em si.
De acordo com a Metro do Porto, prevê-se que a nova linha possa acrescentar à rede de metro uma média diária superior a 31 mil clientes, correspondente a mais de 11 milhões de validações por ano.
De acordo com a Metro do Porto, até ao final do ano deverá ser possível adjudicar a obra.
Assumindo frequências idênticas às do metro, o sistema BRT, com veículos articulados e lotação entre os 180 e os 220 passageiros, poderá atingir uma capacidade de transporte na ordem das 4.400 pessoas por hora e sentido.
Estes veículos terão prioridade “absoluta” nos cruzamentos e interseções com a rodovia, dado que o sistema eletrónico de balizamento e apoio à exploração ativa automaticamente toda a semaforização.
A linha Boavista–Império terá uma frequência de cinco minutos em hora de ponta e a ligação entre os dois extremos demorará apenas 15 minutos.
A ligação entre as duas avenidas vai concretizar-se através de uma nova rotunda que será atravessada interiormente pelo canal de BRT. Nos extremos desta linha, nas duas rotundas já existentes – uma na Boavista e outra na Praça do Império – o canal de BRT ocupará a faixa mais central.
A frota das composições – articuladas e movidas a “pilhas de hidrogénio” - terá oito veículos, seis para operação regular e dois de reserva, cujo concurso público será lançado em outubro.
Desenvolvida ao longo das avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa, a nova linha tem uma extensão de oito quilómetros – quatro em cada sentido – sendo servida por oito novas paragens: Casa da Música, Bom Sucesso, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João Barros e Império.
Segundo o presidente da Metro, esta solução irá garantir a preservação dos elementos nucleares do eixo Boavista–Império, não só no domínio funcional, com a manutenção dos níveis de fluidez de trânsito na Avenida da Boavista, incluindo o acesso a eixos tão relevantes como a Via de Cintura Interna (VCI), como também no domínio ambiental, com a manutenção do corredor verde central da Avenida Marechal Gomes da Costa.
As estações localizadas ao longo desta avenida vão ser desenhadas pelo arquiteto Siza Vieira, revelou ainda Tiago Braga.
“O facto do montante de investimento em fase de concurso no âmbito do PRR ou já em curso, como na Linha Amarela, na Linha Rosa, nos novos veículos e no término do Hospital de São João, ascender a 830 milhões de euro não limita a ambição da Metro do Porto”, observou, acrescentando que a empresa continua a desenvolver os estudos que irão suportar a expansão da rede.
Já o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sublinhou que o eixo Boavista-Império corresponde “a um desafio político do município do Porto em alternativa ao eixo do Campo Alegre, cuja construção em regime de BRT, como inicialmente tinha sido previsto pelo metro do Porto, representaria uma profunda alteração da sua envolvente”.
“Os estudos de procura em regime BRT mostraram existir muito pouca diferença entre os eixos Império-Boavista e o eixo do Campo Alegre, representando o primeiro um ganho substancialmente superior de validações nas estações existentes e um valor idêntico no número de validações nas respetivas linhas”, disse, acrescentando que este percurso vai permitir retirar muito transporte individual que percorre a cidade.
Na cerimónia, o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, considerou que o exemplo dado pela cidade do Porto e pela Metro é algo a ser replicado.
“Certamente temos caminho a fazer, vamos fazê-lo, nomeadamente do Quadro Financeiro Plurianual, dos investimentos que são tão necessários para a área metropolitana como um todo e não só, para as cidades que são servidas para a linha do metro, e para o Porto. Estão aqui os presidentes das câmaras de Gondomar e de Matosinhos, dar a nota da nossa ambição para continuar a trabalhar nisto”, declarou.
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