“O primeiro-ministro deixou claro ao Presidente [francês] que Israel se opõe a um regresso ao acordo [nuclear assinado em 2015] e não ficará vinculado por tal acordo”, indicou hoje o gabinete de Lapid num comunicado divulgado após uma conversa telefónica entre os dois líderes.
A nota precisava ainda que o chefe do executivo israelita transmitiu a Macron que “Israel continuará a fazer todos os possíveis para evitar que o Irão obtenha poder nuclear”, numa referência ao eventual uso da força, algo com que a liderança israelita ameaçou em diversas ocasiões.
Lapid salientou igualmente “a necessidade de enviar uma mensagem clara e inequívoca de que não haverá mais concessões aos iranianos” e queixou-se de que Teerão continua a negociar sobre uma proposta que lhe foi apresentada como final.
Segundo o primeiro-ministro israelita, tal proposta inclui “novos elementos que vão além dos limites do acordo original e que abrirão caminho a investimentos significativos na rede terrorista do Irão e no fortalecimento das suas Forças Armadas”, algo com que o seu Governo não pode pactuar.
O comunicado do gabinete de Lapid refere ainda que Macron “enfatizou o seu compromisso de impedir que o Irão adquira armas nucleares”.
A conversa telefónica de hoje entre Lapid e Macron ocorreu num momento em que Teerão aguarda a reação dos Estados Unidos à sua resposta à proposta da União Europeia (UE) para salvar o acordo nuclear de 2015, que limitava o programa nuclear iraniano a usos civis como contrapartida para o levantamento de sanções económicas.
O Irão negoceia há 16 meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, de forma indireta, os Estados Unidos — os signatários do pacto original — a reposição do acordo nuclear de 2015, que foi unilateralmente abandonado em 2018 pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump, que reimpôs as sanções ao Irão, fazendo com que este deixasse também gradualmente de cumprir os compromissos assumidos.
O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, apresentou na última ronda de conversações, realizada em Viena entre 04 e 08 de agosto, uma nova proposta para selar o acordo, que definiu como “texto final”.
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