Originário da localidade de Mantes-la-Jolie, no oeste de Paris, 25 anos, cabelo longo e barba curta, Abballa foi condenado em setembro de 2013 por ter feito parte dum grupo que enviava voluntários para a jihad no Paquistão. Esta investigação trouxe à luz o perfil perigoso do homem, conhecido até agora por delitos menores.

Durante a sua prisão em maio de 2011 devido a vínculos com Mohamed Niaz Abdul Rassed, um cidadão indiano considerado o chefe do grupo extremista, os polícias encontraram na residência dos seus pais uma agenda com uma lista de esquadras, mesquitas e locais turísticos na zona de Yvelines, área metropolitana de Paris. "Possíveis objetivos", destacou na ocasião uma fonte ligada à investigação.

As ligações telefónicas entre Abballa e os outros membros do grupo não deixavam lugar a dúvidas sobre as suas intenções. Abballa parecia ser um "voluntário para cometer atos violentos em França", revelou a fonte. "Acredita realmente que precisam de nós lá? (Paquistão). Alá, seja feita a sua vontade, dar-nos-á os meios para hastear a sua bandeira aqui (em França", escreveu em 2011 a um de seus companheiros. "Temos que começar o trabalho. Tenho sede de sangue. Alá é minha testemunha", acrescentou.

Larossi Abballa mostrava-se ansioso para ir para o Paquistão. "Não conhecia muito de religião, mas era o mais entusiasmado. Parecia estar muito motivado com a ideia de ir fazer a jihad", explica um dos membros do grupo aos investigadores, descrevendo-o como "estranho" e "misterioso".

Propaganda jihadista

As análises do telemóvel, do computador e da pen drive revelaram na ocasião a existência de inúmeros documentos de propaganda jihadista, como vídeos e folhetos sobre a Al-Qaeda. Com os companheiros, Abballa participou no final de 2010 e início de 2011 em vários treinos religiosos e desportivos em parques dos departamentos de Val-d'Oise e de Seine-Saint-Denis, ambos na periferia de Paris. Durante um desses exercícios, treinaram até degolando coelhos, segundo as investigações.

De acordo com informações recolhidas naquele momento, Laroussi Abballa ia reunir-se, em 18 de dezembro de 2010, com "irmãos" oriundos da Bélgica. Indagado pelos investigadores, nega os factos e diz que é ateu. Argumenta que se faz passar por muçulmano para "não chamar a atenção e evitar ser rejeitado pela família", segundo uma fonte próxima do caso.

No seu julgamento em 2013, aparece como "limitado em termos intelectuais, básico, influenciável" e sem poder de decisão, recordou Hervé Denis, um dos advogados dos acusados. Condenado a três anos de prisão, seis deles com pena suspensa, foi colocado em liberdade depois do julgamento por ter cumprido a totalidade de pena em prisão provisória. Abballa não pareceu, no entanto, ter abandonado a tendência jihadista. Esteve envolvido numa investigação recente sobre um grupo jihadista sírio, segundo fontes ligadas ao caso. Mas o seu papel nesse episódio não foi esclarecido.