A Aliança Nacional (AN) não ganhou em qualquer região nas eleições do fim de semana passado, num escrutínio em que o partido esperava conquistar território para ter uma rampa de lançamento para as presidenciais de 2022.
Os dirigentes da AN, com Marine Le Pen à cabeça, culpam desde logo a abstenção, muito elevada, que se fez sentir entre os jovens e as classes mais baixas, sectores em que o partido costuma obter os seus melhores resultados.
“Nada está perdido, há ainda um caminho” para a vitória nas presidenciais, assegurou o número dois da AN, Jordan Bardella, perante o congresso reunido em Perpignan, no sul de França.
“Sentimos o gosto amargo da vitória falhada quando a tínhamos ao alcance das mãos [e] devemos retirar os ensinamentos deste deserto de abstenção”, declarou Bardella, aplaudido de pé por várias centenas de militantes.
“A abstenção é o refúgio da desesperança, do sentimento de que já nada é possível e de que tudo está perdido”, mas “eu digo-vos com veemência (…) nada estará perdido e há ainda um caminho”, garantiu Bardella.
O congresso permitirá fornecer alguns esclarecimentos exigidos pelos militantes: muitos se interrogam sobre candidatos saídos das fileiras da direita que caíram de paraquedas como cabeças de lista nas regionais; outros questionam o funcionamento interno do partido ou mesmo “o desgaste” de Marine Le Pen, que concorre em abril pela terceira vez às eleições presidenciais.
Mas ninguém, no congresso, parece querer assumir as razões do descontentamento interno.
O fracasso de domingo passado “não altera a nossa capacidade de mobilização, mas é necessário analisar as razões pelas quais alguns dos nossos eleitores não foram votar”, sublinhou um eurodeputado, Nicolas Bay.
Outra questão em debate no congresso é a próxima substituição provisória de Marine Le Pen: é garantido que será reeleita como presidente do partido, é a única candidata ao cargo, mas tenciona abandonar a liderança do partido durante a corrida às presidenciais.
Os militantes, cerca de um milhar, votaram hoje, a respeito disso, uma alteração aos estatutos que permitirá uma solução interina “durante 12 meses”.
No seu discurso, agendado para domingo, Marine Le Pen deverá unir os militantes em torno de temas fundamentais do seu partido, como a imigração, para os mobilizar para as presidenciais.
Todas as sondagens indicam que Le Pen se qualificará para a segunda volta, mas que será, contudo, derrotada pelo Presidente cessante, Emmanuel Macron, como em 2017.
Várias organizações de esquerda se manifestaram hoje em Perpignan contra o partido de extrema-direita.
“É preciso não dar margem à Aliança Nacional. A extrema-direita saiu das eleições [regionais] enfraquecida, mas é necessário continuar a luta”, afirmou Florent Marsal, de 22 anos, ex-candidato do Partido Socialista a uma eleição local.
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