Tem sido um dos principais apelos de António Costa para as próximas eleições e se inicialmente o fazia de forma tímida, o secretário-geral do PS já não tem medo de falar em “maioria absoluta”, mas na história da democracia portuguesa poucos conseguiram esse feito.
Desde 1976, só cinco dos 22 governos constitucionais conseguiram ser eleitos com essa maioria, que lhes permitiu ocupar mais da metade dos 230 assentos da Assembleia da República.
Os dados fazem parte da nova rubrica “Eleições com História”, inaugurada hoje na página da Pordata a propósito das legislativas. No total, são sete vídeos que serão divulgados até dia 30 com uma análise de vários indicadores centrados nas eleições de 2019 e na evolução desde 1975.
Sobre as maiorias absolutas, um dos três vídeos já publicados mostra que das cinco vezes que foi conquistada, quatro foram sob a liderança do PSD: dois com a Aliança Democrática (AD) de Francisco Sá Carneiro, em 1979 e 1980, e duas com o PSD de Cavaco Silva, em 1987 e 1991.
Da parte do PS, o resultado almejado pelo atual primeiro-ministro só foi conseguido por José Sócrates em 2005, quando os socialistas elegeram 121 deputados.
Por outro lado, os socialistas venceram oito das 16 eleições legislativas realizadas desde 1975 e as restantes foram conquistadas pelo PSD, por três vezes em coligação com o CDS-PP. Em conjunto, PS e PSD representam mais de dois terços do total de votos desde 1987.
O partido mais votado de sempre numa eleição legislativa foi o PSD, em 1991, com Cavaco Silva (2,9 milhões de votos), que foi também quem ocupou durante mais tempo o cargo de primeiro-ministro, entre 1985 e 1995.
Outro dos vídeos divulgados hoje mostra ainda que, ao contrário do atual executivo, só seis governos concluíram os seus mandatos: dois liderados por Cavaco Silva (1987-1991 e 1991-1995), um liderado por António Guterres (1995-1999), um liderado por José Sócrates (2005-2009), um liderado por Pedro Passos Coelho (2011-2015) e o anterior de António Costa (2015-2019).
Comparando os melhores e piores resultados dos partidos, os dados da Pordata mostram uma queda do PCP, que elegeu 44 deputados em 1979, mas apenas 10 em 2019, e outra ainda mais acentuada do CDS-PP, que passou de 46 deputados em 1980 para quatro nas últimas legislativas.
A Pordata olha ainda para a evolução da presença de mulheres no parlamento e, a este nível, desde 2015 que representam pelo menos um terço dos deputados. Se em 1976 havia apenas 15 deputadas (6% do total), em 2019 representavam já 38,7% do total.
Em quatro dos dez partidos com assento parlamentar, as mulheres representaram ainda metade ou a maioria dos deputados, designadamente no CDS-PP, PAN, PEV e Livre.
Ainda sobre as eleições de 2019, a rubrica “Eleições com História” destaca que o PS e o PAN foram os únicos que cresceram em relação a 2015, a contrário do PSD (menos 10 deputados), CDS-PP (menos 13), PCP (menos cinco) e BE que, apesar de menos votos, manteve os 19 deputados.
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