"Chegar agora esta decisão é um alívio. Não sei o que vai acontecer, nem o método de voto, mas é extraordinário. Foi um episódio trágico que mudou a história do país", declarou Nathalie Oliveira, candidata lusodescendente nas listas do Partido Socialista, em declarações à Agência Lusa.

No primeiro escrutínio, agora anulado pela decisão unânime do Tribunal Constitucional, Nathalie Oliveira não foi eleita nas listas do PS pelo círculo da Europa e, desde a anulação de cerca de 80% dos votos dos portugueses na Europa, tem acompanhado o "sofrimento" dos portugueses.

"Sofri muito com o sofrimento de portugueses a quem disse que era importantíssimo votar e poder expressar a sua vontade", disse a candidata que reside em Metz, na França.

Para esta socialista, houve "muitos erros" na contagem dos votos e o que fica deste "episódio trágico" é que não há Assembleia da República nem Governo sem os votos dos emigrantes.

"Isto fica nos livros de História. Saber que os portugueses que vivem no estrangeiro, não por vontade própria ou estratégia, mas estamos a mudar a História de Portugal. Não pode haver Assembleia da República nem Governo sem nós e isso eu nunca tinha imaginado que pudesse acontecer", indicou.

Nathalie Oliveira, que participa ativamente na vida política francesa e portuguesa, tem apenas receio que a opção pelo voto presencial no dia 27 de fevereiro possa afastar muitos portugueses das urnas devido à distância aos consulados que servem de mesa de voto.

"Este é um sinal de que o país do qual os emigrantes gostam tanto, é um país onde a democracia. Devíamos agora votar duas vezes mais, mas o meu receio é que se for só nos consulados, no dia 27, para nós, no Grande Leste, são 300 quilómetros até à mesa de voto mais próxima", lamentou, mostrando-se disponível para voltar à campanha eleitoral a partir de amanhã.

Mais de 80% dos votos dos emigrantes do círculo da Europa nas legislativas de 30 de janeiro foram considerados nulos, decisão tomada no apuramento geral dos resultados, na sequência de protestos apresentados pelo PSD após a maioria das mesas ter validado votos que não vinham acompanhados de cópia da identificação do eleitor, como exige a lei.

De acordo com o TC, estão em causa 151 mesas de voto do círculo eleitoral da Europa.

Como esses votos foram misturados com os votos válidos, a mesa da assembleia de apuramento geral acabou por anular os resultados em várias mesas, incluindo votos válidos e inválidos, por ser impossível distingui-los uma vez na urna.

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