Na Feira de Espinho, no distrito de Aveiro, paragem habitual da caravana do BE em todas as campanhas eleitorais, Catarina Martins ouviu muitas palavras de apoio, recebeu muitos abraços e promessas de votos, mas também ouviu queixas pelo chumbo do Orçamento do Estado e pela falta de entendimento à esquerda.
Um dia depois de ter convidado o líder do PS, António Costa, para uma reunião no dia seguinte às eleições para um acordo de legislatura, a coordenadora do BE insistiu, em declarações aos jornalistas, na responsabilidade de construir e desbloquear soluções, avisando que a direita se apresenta com uma “proposta de privatizar pensões” porque “representa as grandes seguradoras e não os pensionistas portugueses”.
“É por isso que nós temos a responsabilidade de acabar com os cortes injustos nas pensões, sim, e de construir soluções que afastem a direita do Governo porque privatizar as pensões não melhorará a vida de ninguém”, apelou, garantindo que “o Bloco de Esquerda assume a sua responsabilidade e o seu mandato por inteiro”.
Confrontada com as declarações de domingo de António Costa, que considerou que BE deve pedir desculpa por ter rompido a unidade de esquerda e recusou receber lições de Catarina Martins, a líder do BE disse que “o que interessa é o que as pessoas escolhem com o seu voto”, sendo essa “a única resposta que interessa”.
Perante a insistência dos jornalistas, Catarina Martins manteve a tónica e evitou a hostilização, considerando que “se esta campanha for sobre respostas mais ou menos vazias uns aos outros ou provocações não tem nenhum interesse”.
“O que é que tem interesse? É construirmos soluções. A nossa responsabilidade é ter medidas concretas e ao mesmo tempo ter a capacidade de fazer as pontes para criar soluções de maioria que afastam a direita do Governo e impedem um projeto de privatização da Segurança Social”, insistiu, afirmando que “o que vale são os votos”, independentemente do que se diga durante a campanha.
A líder bloquista defendeu que "cada partido dirá o que entende" e que só fala pelo BE, reiterando que a responsabilidade nestas eleições é "derrotar a direita que tem um projeto privatizador do país que é um perigo".
"A nossa responsabilidade também é criar as maiorias que afastem a direita e criem um governo com estabilidade que respeita quem trabalha. O BE já provou que é capaz de o fazer e é força de cada um, será o voto de cada um que vai construir as soluções para o dia seguinte", apelou, considerando que "as pessoas não podem mais com anúncios do que nunca é concretizado e precisam de respostas agora para a sua vida".
Questionada sobre o que faria o BE se António Costa apresentasse o mesmo orçamento depois das eleições, Catarina Martins optou por responder também com perguntas.
"E se as pessoas forem votar e com o seu voto disserem que não aceitam que haja orçamento sobre orçamento com promessas de apoios que não chegam a ninguém? E se as pessoas forem votar e exigirem uma solução para o país que derrota a direita e responda a quem trabalha? E se as pessoas forem votar, eu sei, que se o BE for a terceira força cá estaremos para uma solução de estabilidade que respeita os salários, que respeita as pensões e que constrói o dia seguinte com o que é que fundamental neste país", elencou.
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