Numa entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença hoje divulgada, Jerónimo de Sousa alerta para os perigos de uma maioria absoluta, o risco de “impunidade”, e critica o “taticismo” de Costa.

”A ser alcançada, seria sempre uma má solução, tendo em conta os problemas do país. As maiorias absolutas não são para resolver os problemas do país, é resolver à sua maneira com a força toda de uma maioria. Dá uma certa impunidade, cria sentimentos de quero, posso e mando e não é saudável para a democracia”, afirma.

O líder do PCP mantém a disponibilidade para convergências com o PS após as eleições “em relação a coisas concretas”, mas insiste que “o reforço da CDU é a questão principal”.

Questionado sobre se não achou que no debate televisivo António Costa fechou a porta a acordos, o líder do PCP responde: Já andamos aqui há muitos anos e sabemos que esta coisa dos irrevogáveis vale tanto como coisa nenhuma".

"Estamos empenhados em ser promotores dessa convergência num quadro de relações bilaterais", acrescenta.

Sobre o debate televisivo com António Costa, confessa que o surpreendeu a “crispação”, que diz não ter entendido, e que pode “ter sido uma noite mal dormida”.

“Pessoalmente, estranhei aquela crispação toda que se verificou antes, durante e depois do debate vindo de alguém que reconheceu muitas vezes a forma como o PCP esteve nesta fase da vida política”, afirma Jerónimo de Sousa, acrescentando: “Não fui capaz de perceber. Podia ter sido uma noite mal dormida, ou outra coisa qualquer”.

Já não é taxativo a dizer que vai cumprir os cinco anos de mandato até ao fim, admite deixar o cargo antes do próximo congresso do PCP, mas insiste que “a questão não está colocada”.

Questionado sobre se admite que até 2025, data do próximo congresso do PCP, está garantido na liderança, Jerónimo de Sousa responde: “Eu não fazia esse calendário. Em primeiro lugar, temos que lidar com o imprevisível. Mas agora não é a altura, a questão não está colocada”.

Sobre o Chega, diz que o partido se afirmará “tanto quanto o agravamento dos problemas económicos e sociais” e sublinha: “É importante dar resposta a estes problemas. Resolvam-se esses problemas e o Chega terá o resultado que merece. Não vale a pena fazer combates verbais”.