O líder do PCP apresentou hoje as linhas gerais do programa eleitoral, na sede do partido, em Lisboa. Apesar da apresentação de hoje, o documento apenas será conhecido na totalidade em julho.
"Antes de discutirmos o futuro Governo, temos de discutir naturalmente a nova arrumação de forças que resultará das eleições de outubro", salientou.
De acordo com o líder do PCP, este programa dirige-se "aos portugueses e não a uma futura solução de Governo" e será "naturalmente insubstituível em qualquer política que se vá realizar no futuro".
"Se é para andar para trás, não contarão com o PCP, se é para avançar, se é para conseguir melhores condições de vida dos trabalhadores e do povo, naturalmente que contarão com o PCP nas diversas formas institucionais que podem existir", admitiu.
Notando que "alguns pensam no poder pelo poder", Jerónimo de Sousa considerou que, para o PCP, esta é uma questão importante e que o partido assumirá as "responsabilidades no quadro de uma alternativa política", "quando o povo português determinar".
"Mas, há uma questão primeira e principal a definir: um Governo para quê? Um Governo para executar que política? A nossa resposta está, de certa forma, contida nestes eixos centrais que determinam naturalmente o nosso posicionamento em relação a essa alternativa política", salientou Jerónimo de Sousa, referindo que, "antes disso, é preciso que cada um assuma uma política alternativa onde os portugueses possam refletir, decidir o seu voto".
Questionado se o objetivo nas legislativas será evitar uma maioria absoluta do PS, o líder comunista rejeitou essa ideia, admitindo apenas que o "objetivo é reforçar a CDU".
"Não somos uma força pela negativa, [...] não temos uma visão de impedir por impedir a maioria do PS, o que pretendemos é o nosso reforço", sublinhou Jerónimo de Sousa.
Ainda assim, o secretário-geral do PCP aproveitou para criticar o partido do Governo, defendendo que o PS "não se libertou de constrangimentos, de imposições e não deu resposta ao que é fundamental" e não houve "uma resposta duradoura, uma resposta global ou chamada resposta estrutural" em algumas matérias.
Quanto ao défice, assinalou, “o próprio Governo é mais papista que o Papa na procura de um ritmo inaceitável”.
"Se o PS tivesse as mãos livres, naturalmente, e olhando para trás, alguns dos direitos que hoje prevalecem e que estão colocados na lei, não teria sido possível", considerou.
Mesmo assim, o deputado comunista disse entender que "nestes três anos e meio deram-se passos importantes adiante", através do contributo do PCP, e reforçou que, "este quadro, é preciso avançar, é preciso aprofundar este processo de justiça social, de reposição de rendimentos e direitos".
"O Governo do Partido Socialista nestes três anos e meio só por si não podia resolver nada, não tinha força para isso", observou.
Durante a conferência de imprensa, o secretário-geral do PCP não quis antecipar o resultado das eleições legislativas com base nas europeias, uma vez que "são eleições, de facto, diferentes".
"Não vamos agir nesta batalha eleitoral a pensar em soluções governativas, vamos pensar é na eleição de deputados para serem capazes de cumprir este programa ambicioso", revelou, acrescentando que o PCP se vai apresentar a eleições "com uma grande confiança, sem leituras mecânicas, particularmente em relação a eleições passadas".
Jerónimo de Sousa recusou ainda o “declínio irreversível do PCP”, apontando por alguns, assegurando que "isso não vai acontecer".
"Vamos verificar que aqui está o PCP, confiante por aquilo que realizou, por aquilo que propôs, por aquilo que conseguiu de avanços", rematou.
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