“As sondagens, ao longo dos vários atos eleitorais, nunca têm espelhado o resultado que depois o PAN obtém”, pelo que os estudos de opinião “valem o que valem”, afirmou a dirigente do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), em Portimão, no Algarve.
Inês Sousa Real, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com a administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, defendeu que “é importante, no dia 30, que as pessoas votem nas causas que acreditam”.
“Estarmos a votar na bipartidarização PS/PSD não serve os interesses do país”, vincou, salientando que “o voto útil não vai ser um voto à esquerda ou à direita”, mas sim nos partidos que “têm programas que dão resposta aos desafios” da sociedade atual.
Desafiada pelos jornalistas a fazer um balanço da campanha eleitoral do PAN, a líder do partido disse que “tem sido muito gratificante estar na rua” e a “ouvir as pessoas e as suas diferentes preocupações”.
“Temos estado, não apenas nas grandes áreas metropolitanas, mas também no interior, e tem sido transversal a preocupação com o Serviço Nacional de Saúde, o acesso à habitação inclusive dos mais jovens, com as questões ambientais”, frisou.
Considerando que a população portuguesa está “cada vez mais sensível à necessidade de combater a emergência climática”, Inês Sousa Real notou que o PAN tem apresentado “respostas concretas” para ajudar “na transição para uma economia verde”.
O dia de campanha do PAN arrancou, esta manhã, em Lagoa, com uma visita de Inês Sousa Real às alagoas brancas, conduzida por Anabela Blofeld, do movimento Salvar as Alagoas de Lagoa.
Segundo esta ativista, esta “é uma das últimas zonas húmidas de água doce” e pode estar em risco de desaparecer devido a um projeto que prevê a construção de armazéns.
Com o projeto, “estamos a pôr em perigo as aves e espécies” deste habitat e também “os humanos”, pois esta área é “cársica” e com “excesso de peso pode colapsar”, alertou, preferindo que se crie no local um parque para observação de aves.
Também a líder do PAN defendeu que “a conservação deste património natural único”, apontando que se trata de “um ecossistema importante para as aves migratórias”, onde se podem observar anualmente “114 espécies diferentes”.
“Já perdemos cerca de 64% das zonas húmidas no nosso território, desde 1990. Restam, a nível global, apenas 2% de zonas húmidas”, acrescentou.
PAN ao lado dos médicos e lamenta rejeição de propostas para votação
Inês Sousa Real admitiu hoje compreender os médicos de saúde pública por recomendarem escusa de responsabilidade civil e lamentou a rejeição de propostas do partido que permitiam a votação de pessoas em isolamento. “Compreendemos esta tomada de posição”, já que “não faz sentido, num dia, recomendarmos que devemos evitar os contágios, mas, depois, para outros contextos, já se permitir”, afirmou.
A dirigente do PAN disse perceber a posição dos especialistas de saúde “do ponto de vista epidemiológico”. Porém, sublinhou, que não se pode “deixar para trás um direito basilar, que é o direito a votar, e que isso seja feito com toda a segurança”.
Sousa Real notou que a solução adotada pelo Governo para a votação de pessoas em isolamento, devido à covid-19, “passa por permitir a deslocação das pessoas ao invés da urna se deslocar aos locais”.
“Aliás, recordo que o PAN tinha defendido que existissem dois dias de votação, em vez de um dia de votação, sem prejuízo do voto antecipado”, lembrou, defendendo que existiam “outros mecanismos que poderiam e deveriam estar a ser implementados”.
Os médicos de saúde pública recomendam horários e locais próprios de votação nas legislativas para quem está em isolamento, para evitar cruzamento de pessoas, e sugerem escusa de responsabilidade civil até final de fevereiro.
Sobre a reunião com a administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Inês Sousa Real disse ter ouvido queixas sobre as dificuldades para contratar médicos especialistas.
“Nunca perdemos como hoje os especialistas nas diferentes áreas de saúde, quer na região do Algarve, quer também ao nível nacional, e as demissões que temos assistido, um pouco por todo o território, também espelham isso”, salientou.
Segundo a porta-voz do PAN, “a grande dificuldade” do país passar por “fixar os profissionais de saúde”, face “à competitividade no privado” e à “saída para o estrangeiro”.
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