“Creio que no próximo dia 30, após o conhecimento dos resultados eleitorais, uma das primeiras ações do Livre vai ser convidar para reuniões não só PS mas também PCP, BE e PAN”, referiu Rui Tavares, que falava aos jornalistas depois de ter estado reunido com a Plataforma das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) esta manhã, em Lisboa.
Confiante numa eleição de um grupo parlamentar nas eleições legislativas antecipadas, o dirigente do Livre, que tem defendido uma convergência à esquerda e até uma ‘eco-geringonça’, considerou que sempre foi uma “má ideia” que cada partido à esquerda, na solução governativa da ‘geringonça’ reunisse com PS “e apenas com o PS”.
“Porque nós temos que reforçar o arco dos partidos que possam apoiar uma maioria parlamentar e que tenham objetivos comuns na área social, na proteção laboral, na proteção ambiental antes de ir falar com o maior partido à esquerda que tem o direito, se a esquerda tiver maioria, de designar o seu nomeado para primeiro-ministro”, sustentou.
Para Rui Tavares não vale a pena “criar tabus nem fantasmas à volta de algo que é muito simples: os portugueses e as portuguesas decidirão quais são as maiorias”.
“Se houver uma maioria à esquerda a esquerda terá de conversar, terá de se entender e vai entender-se certamente, não vale a pena estarmos a pressionar as pessoas”, defendeu.
Questionado sobre se vai acumular o mandato de vereador sem pelouros na Câmara Municipal de Lisboa e o de deputado na Assembleia da República se for eleito, Rui Tavares disse que vai cumprir com ambos os mandatos.
“É compatível, a lei diz-nos que é compatível e permite essa acumulação precisamente porque ela é positiva (…) O trabalho de um vereador sem pelouro é um trabalho que não é a tempo inteiro, não tem vencimento, e portanto, é desempenhado com base no apoio de um equipa do Livre que nós temos na Camâra e portanto é possível fazê-lo e vai ser bem feito”, aditou.
Tavares mostrou-se confiante com os resultados do Livre nas sondagens, apontando que o partido tem neste momento em jogo “a eleição de dois deputados por Lisboa, a acreditar nas sondagens, e de um deputado no Porto que na verdade está em disputa entre a direita, o PSD e o Livre”.
“E depois com a progressão das sondagens, não com as sondagens que já temos, mas ainda temos 12 dias até às eleições, aí podem estar em disputa deputados noutros círculos como Setúbal, Braga, Aveiro ou Faro”, disse.
Interrogado sobre se o eleitorado “já esqueceu” o que aconteceu com Joacine Katar Moreira em 2019 – que foi eleita pelo Livre e meses depois o partido retirou-lhe a confiança política – Tavares disse que o Livre “não varre os seus problemas para debaixo do tapete” e apontou que um partido “credibiliza-se falando das coisas que interessam às pessoas, não se credibiliza falando o tempo todo acerca de credibilidade”.
Rui Tavares foi ainda confrontado com um ‘tweet’ recente de Katar Moreira, no qual a deputada não inscrita aponta que o dirigente “tem de parar de cansar e enganar os militantes do Livre, os simpatizantes, amigos e o país e entrar logo no PS, onde tem os melhores amigos e a mãe grande” e que “é com PS que se coliga desde sempre curvado”.
Recusando entrar em polémicas, Tavares respondeu que é um dos fundadores do Livre e sempre defendeu a existência em Portugal de um partido “como os partidos verdes europeus”.
“E é por isso que sempre recusei outros convites, outras oportunidades, e quando não estiver a fazer política no Livre estou certamente perto daqui na Torre do Tombo a mexer em papéis velhos e a fazer investigação histórica”, acrescentou, numa referência à sua formação como historiador.
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