As maiorias absolutas foram um dos temas da entrevista de Catarina Martins à agência Lusa, na qual a líder do BE insiste na ideia de que “uma maioria absoluta é perigosa”, até “pelas experiências passadas” que Portugal teve com este tipo de resultado eleitoral, um perigo que “toda a gente reconhece”, incluindo o primeiro-ministro, António Costa.
“Se há um voto útil dos socialistas que não querem maioria absoluta nestas eleições é no Bloco de Esquerda”, sugere.
Tal como se lê no programa eleitoral com que o partido se apresenta às eleições para a Assembleia da República, a líder bloquista defende que “o crescimento do Bloco de Esquerda pode ser o fator decisivo para impedir uma maioria absoluta do Partido Socialista”.
“Quem saiba e se lembre de como as maiorias absolutas são perigosas, mesmo no PS, hoje sabe que o voto útil é no Bloco de Esquerda”, reitera.
Na perspetiva de Catarina Martins, “até às eleições de 2015 ficava muito a ideia de que só se escolhia entre um Governo do PS ou um Governo do PSD”, paradigma que considera que se alterou com a atual legislatura, que mostrou que “as maiorias que são formadas no parlamento podem determinar que programas vão para a frente”.
“E, portanto, hoje o voto útil não tem a ver com a escolha de um primeiro-ministro. Tem sobretudo a ver com o equilíbrio de forças, com o equilíbrio que queremos para puxar pelo país”, aponta.
A dirigente do BE aproveita este argumento para apelar ao voto de “quem deseja que Portugal continue a avançar nas conquistas dos direitos do trabalho, de valorização de salários e de pensões, na defesa do Estado social, na defesa de investimento público”.
Numa entrevista à TVI, Catarina Martins já tinha afirmado que o partido precisa “de mais de 10%” nas legislativas, mas quando instada a traçar uma meta eleitoral, a líder bloquista afirma apenas que “aguarda tranquilamente o resultado das eleições” e até lá vai trabalhar para tentar explicar o programa.
Aos perigos de uma maioria absoluta, para a deputada do BE, acresce o programa com que o Partido Socialista se apresenta a eleições.
“O PS apresenta um programa em que diz que quer fazer investimento, mas depois com contas que não permitem o investimento, que diz que quer recuperar os salários dos funcionários públicos, mas depois, com contas que não permitem sequer recuperar a inflação”, exemplifica.
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