O Ministério Público decidiu arquivar o processo de Elisama Abreu, que a 17 de outubro desapareceu de casa, por acreditar que esta está a agir de livre vontade e por não encontrar ao longo da investigação quaisquer indícios de crime.

Aparentemente, e de acordo com a investigação do Ministério Público, Eli, diminutivo de Elisama, terá tomado um percurso diferente daquele que indicou à família, quando deixou a casa que habitava, perto das 18:30.

Em vez de se ter dirigido ao Aeroporto da Portela para, no dia seguinte, apanhar um avião com destino a Paris (Orly), onde pretendia encontrar trabalho na sua área de estudo, Relações Internacionais e Indústrias Criativas e Culturais, Elisama terá ido para o Porto - imagens de videovigilância colocam-na por duas vezes, sozinha, na estação da CP de Campanhã -, onde terá adquirido um bilhete de comboio para a Galiza (onde pagou hotel), e, daí, viajado de avião até Paris.

Todo o percurso parece ser coincidente com os movimentos da conta bancária de Elisama Abreu, a que as autoridades tiveram acesso, e que continua a ser utilizada "normalmente" a partir de Paris. Além disso, a irmã de Eli, Cleide, recebeu um email, que fez chegar à polícia, indicando estar bem.

Família e amigos, no entanto, dizem não reconhecer o estilo impessoal da escrita de Elisama e estranham o facto de esta não os contactar por telefone ou vídeochamada. Além disso, não entendem o porquê da quantia avultada gasta na tentativa de os despistar (bilhete de avião Lisboa-Paris e Airbnb pago para um período de três meses).

Ao que o SAPO24 conseguiu saber através da família, já que a PSP apenas confirmou que "que o inquérito se encontra em investigação no Ministério Público de Oeiras, tendo sido realizadas várias diligências", a Polícia Judiciária, que nunca respondeu às nossas perguntas, apesar da insistência e da garantia dada por diversas vezes de que o faria, poderá continuar com a investigação.

O Ministério Público poderá, no entanto, reabrir o processo caso surjam novos factos ou provas. Para a família, sobretudo para a mãe de Elisama, a "frustração é total". Cleide, embora sem mais notícias, continua a enviar emails na tentativa de saber da irmã.

De acordo com os dados oficiais disponíveis, desaparecem cerca de 4000 pessoas por ano em Portugal. Metade das queixas não chega ao Ministério Público e em muitos casos, como nos confirma a Polícia Judiciária, "as pessoas desaparecidas não querem ser encontradas. E estão no seu direito".