“Se as pessoas adotassem os procedimentos, evitaríamos decisões difíceis e hoje tomamos uma decisão: a partir da manhã de sábado [dia 14 de novembro] até 30 de novembro, confinamento total”, afirmou o primeiro-ministro libanês em funções, Hassan Diab, num discurso transmitido pela televisão local.

Desde o início da crise pandémica, em fevereiro, o Líbano contabiliza 95.355 casos de infeção pelo novo coronavírus confirmados, incluindo 732 mortes.

Depois de ter conseguido conter a primeira vaga da covid-19 entre março e junho último, devido a um confinamento geral que foi decretado atempadamente, o Líbano tem vindo a registar gradualmente um aumento expressivo de novos caso desde julho, apesar das medidas de isolamento terem sido mantidas em dezenas de cidades e vilas.

Na intervenção de hoje, Hassan Diab alertou que o país já tinha atingido a “linha vermelha” e que os hospitais libaneses estão na sua capacidade máxima.

“Neste momento, estamos numa fase de sério perigo devido à incapacidade dos hospitais públicos e privados de receber doentes em estado crítico”, prosseguiu o primeiro-ministro libanês em funções.

“Temos medo de chegar a um estado em que as pessoas morram nas ruas”, advertiu Hassan Diab, esclarecendo ainda que o período de confinamento de duas semanas agora decretado terá algumas “exceções (…) para o setor da saúde e outros setores vitais”, mas sem adiantar mais pormenores.

Segundo os ‘media’ libaneses, o decreto governamental admite exceções para o funcionamento do aeroporto, padarias e bancos, bem como para as empresas de eletricidade e de comunicações e fábricas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou no final de outubro que 88% das 305 camas existentes em unidades de cuidados intensivos no Líbano estavam ocupadas.

Uma das causas que está a ser apontada para justificar o aumento significativo de contágios no país é a devastadora explosão no porto de Beirute, ocorrida em 04 de agosto, que causou mais de 200 mortos, 6.500 feridos e centenas de desalojados ao destruir bairros inteiros da capital libanesa.

As autoridades temem um colapso do sistema de saúde, uma vez que mais de 1.500 profissionais de saúde estão infetados com o novo coronavírus.

A crise sanitária veio juntar-se a uma crise económica sem precedentes que atinge o Líbano, que enfrenta uma elevada taxa de pobreza e de desemprego, uma desvalorização da moeda (libra libanesa), enquanto os preços e a inflação disparam.

“Estou bem consciente da extensão dos danos económicos causados pelo confinamento”, declarou o primeiro-ministro libanês em funções.

Mas “sem a proteção à saúde, os meios de subsistência não estão garantidos”, concluiu Hassan Diab, que está demissionário desde a explosão de agosto.