"Vou ao Palácio Baabda apresentar a demissão do governo ao Presidente da República", disse Hariri num breve discurso televisionado, recebido com aplausos pela multidão que o ouvia ao vivo no local de mobilização.

Os manifestantes têm pedido a renúncia do Governo e do regime que domina o país desde a guerra civil de 1975-1990 e no domingo formaram mesmo um cordão humano com 170 quilómetros de cumprimento.

Hoje, os manifestantes aplaudiram a decisão do chefe do Governo, horas depois de violentos confrontos nas ruas de Beirute, quando dezenas de homens armados, associados ao movimento pró-iraniano Hezbollah, se tinham insurgido contra os protestos antigovernamentais, derrubando tendas e partindo cadeiras.

Até ao anúncio de Hariri, o Governo não tinha conseguido atender as exigências dos populares que há 13 dias contestavam o regime, depois da aplicação de um imposto sobre as mensagens enviadas pela aplicação ‘online’ WhatsApp.

O novo imposto fora entretanto cancelado, mas os contestatários antigovernamentais aproveitaram a oportunidade para lançarem uma forte campanha de acusações ao Governo, com cartazes a apelidá-lo de “corrupto e incompetente”.

Num discurso televisivo, em 21 de outubro, o primeiro-ministro ainda procurou acalmar as tensões, anunciado um plano de reforma e medidas contra a corrupção, mas não convenceu os cidadãos, que continuaram a encher ruas e praças no Líbano.

Três dias depois, o Presidente Michel Aoun levantou a possibilidade de uma remodelação do seu gabinete, que não se concretizou, devido a divisões internas, acicatando ainda mais os protestos populares.

O poderoso líder pró-iraniano do Hezbollah, Hassan Nasrallah, também não apoiou a hipótese de renúncia do Governo e, segundo a imprensa internacional, os governos dos EUA e da França juntaram a sua voz no apelo a que o primeiro-ministro permanecesse em funções, em nome da estabilidade.