A líder alemã reuniu-se hoje com Haftar e exprimiu a impossibilidade de uma “solução militar” para a Líbia, para além de insistir na necessidade em avançar com a aplicação dos acordos firmados na Conferência de Berlim que decorreu em 19 de janeiro, anunciou o porta-voz do Governo, Steffen Seibert.
Na ocasião, a chanceler alemã conseguiu reunir delegações de uma dezena de países envolvidos no conflito. Estiveram presentes os Presidentes russo, Vladimir Putin, turco, Recep Tayyip Erdogan, francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, para além de altos representantes dos Estados Unidos, União Europeia, ONU, Liga Árabe e União Africana.
Na capital alemã também marcaram presença, apesar de não se terem reunido, o primeiro-ministro do Governo de Acordo Nacional, Fayez al-Sarraj — reconhecido pela ONU e apoiado pela Turquia e Itália — e Khalifa Haftar, que conta como aliados os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito, e ainda com a ajuda de França e Rússia.
Na conferência, os países presentes concordaram no respeito pelo embargo às armas imposto pela ONU e o fim do apoio às partes envolvidas no prolongado conflito líbio, que deveriam ser pressionadas para alcançar um cessar-fogo total. No entanto, persistiram as violações ao embargo às armas por diversos países, incluindo europeus, e os combates prosseguiram.
Em fevereiro, e ainda por iniciativa da Alemanha, decorreu em Munique uma conferência de seguimento do acordo, a nível de ministros dos Negócios Estrangeiros.
No entanto, os fracos resultados dos acordos de Berlim foram confirmados em 02 de março, com a renúncia do enviado da ONU para a Líbia, o académico libanês Ghassan Salamé, após mais dois anos de tentativas de mediação do conflito.
O anúncio da saída de Salamé ocorreu num momento crucial, quando mediava em Genebra novas negociações entre as partes envolvidas na guerra civil líbia.
O representante da ONU tinha previamente advertido que o processo estava em perigo devido ao recrudescimento dos ataques pelas forças de Haftar.
As tropas do marechal dissidente controlam uma parte considerável do território líbio, incluindo a maioria das suas reservas de petróleo.
A Líbia entrou num ciclo de violências desde o derrube em finais de 2011 do regime de Muammar Kadhafi, na sequência de uma rebelião interna apoiada por uma intervenção militar aérea dos Estados Unidos, Reino Unido e França.
A atual guerra civil decorre desde 2015 e recrudesceu em abril de 2019, na sequência da ofensiva desencadeada pelas forças de Haftar em direção a Tripoli, a capital, onde está instalado o Governo de Acordo Nacional (GAN).
De acordo com as estimativas, esta ofensiva e os combates entre as diversas forças em presença já provocaram 1.500 mortos, cerca de 15.000 feridos e mais de 130.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, aumentando o número de deslocados internos.
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