“Isto é inédito na nossa história”, disse aos jornalistas o antigo presidente do Conselho Europeu, que agora lidera o partido centrista Plataforma Cívica da Polónia.

“Esta é a maior e mais profunda crise para a democracia desde 1989”, insistiu.

Tusk pediu um inquérito parlamentar às alegações de que o ‘spyware’ Pegasus foi usado contra Krzysztof Brejza, membro do seu partido que coordenou a sua campanha eleitoral em 2019.

O Citizen Lab, um organismo de vigilância da cibersegurança com sede no Canadá, revelou na semana passada que o Pegasus também foi usado contra Ewa Wrzosek, uma procuradora que se opôs a controversas reformas judiciais na Polónia, bem como Roman Giertych, um advogado envolvido em processos judiciais contra o partido populista Lei e Justiça (PiS).

Os telemóveis “infetados” pelo Pegasus, ‘software’ desenhado e comercializado pela empresa israelita NSO Group, transformam-se em dispositivos de espionagem de bolso, permitindo ler as mensagens do seu alvo, ver as suas fotos, rastrear a sua localização e até ligar a sua câmara sem o seu conhecimento.

Os media polacos referiram-se ao escândalo como “Watergate polaco”, numa referência ao escândalo nos Estados Unidos pela tentativa de colocar microfones nas instalações do Partido Democrata, em Washington, em 1972, o que forçou o então Presidente dos EUA, Richard Nixon, a demitir-se dois anos depois.

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, disse não ter “conhecimento” de quaisquer escutas telefónicas, mas acrescentou que, se confirmado, podem “potencialmente” ser obra de serviços secretos estrangeiros.

Stanislaw Zaryn, porta-voz do ministério responsável pelos serviços secretos, disse que as alegações de que os serviços polacos “usam estes métodos, como parte do seu trabalho operacional para fins políticos, são falsas”.

Não confirmou nem negou o uso do Pegasus pela Polónia, mas esclareceu que o “trabalho operacional” na Polónia só pode ser realizado a pedido do Procurador-Geral e sujeito a uma decisão judicial.