A acusação foi feita na abertura do debate quinzenal com António Costa, na Assembleia da República, em Lisboa, marcado por um ataque ao Governo e ao primeiro-ministro por parte de Assunção Cristas, que considerou que o líder do executivo enganou os portugueses.

“Porque a todos prometeu o que porventura nunca teve intenção de cumprir”, disse Assunção Cristas, que deu nove exemplos de “estórias”.

A “estória”, disse, da igualdade no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas onde se “vê cirurgias adiadas”, incluindo de doentes oncológicos e crianças, devido a greves.

Ou ainda a “estória” de “ter virado a página à austeridade” quando o país tem “a maior carga fiscal de sempre” ou ainda a “estória” da “paz social” quando hoje há “tantas ou mais greves do que no tempo de ‘troika’”.

Às “estórias”, o primeiro-ministro respondeu que o executivo não prometeu “tudo a todos”, mas sim o que está no programa de Governo.

“Depois da sede de uma espera, as pessoas querem tudo e já”, admitiu Costa, afirmando não ser possível “dar um passo maior do que a perna” e “arriscar que haja um Governo” de direita.

Se “está tudo bem”, porque se queixam “tantos e tantos”, questionou.

“Dos professores aos médicos, dos guardas prisionais aos enfermeiros, dos polícias aos juízes, dos técnicos de diagnóstico aos bombeiros” tornaram-se “todos insensatos”, perguntou ainda.

Assunção Cristas fez uma primeira parte do discurso enumerando as “estórias” que, acusou, António Costa anda a “contar ao país”, pondo-lhe depois várias perguntas, a começar por querer saber se o Governo está a fazer tudo para a conservação das estradas e pontes.

Uma deixa aproveitada por Assunção Cristas para perguntar se o Governo vai indemnizar as famílias das vítimas do acidente de Borba, provocado pelo colapso da estrada junto a pedreiras que fez cinco mortos em novembro.

António Costa não se comprometeu diretamente a fazê-lo alegando não confundir “Estado com outras pessoas de direito público”.

O tom de voz subiu, depois, em resposta à bancada do CDS-PP e ao seu líder parlamentar, Nuno Magalhães, que encolheu os ombros à resposta.

“Não esteja a sacudir o ombro. Eu assumo todas as responsabilidades, mas não assumo a que não é minha. Não estamos a falar do dinheiro do António Costa, mas do dinheiro dos contribuintes e tenho de gerir com muito respeito”, alertou.

Assunção Cristas voltou à carga para dizer a António Costa que “não aprendeu nada todos estes anos”, depois de o primeiro-ministro ter recordado que esteve por trás da solução para a indemnização aos familiares das vítimas do acidente na ponte de Entre os Rios, quando era ministro.

A deputada e líder centrista deu um exemplo em que um governo socialista não pagou, o caso Aquaparque, em que foi um executivo do PSD e CDS-PP a fazê-lo.

Assunção Cristas quis ainda saber “quantos anos” levaria a realizar as cerca de 5.000 cirurgias canceladas pela greve dos enfermeiros, ao que António Costa garantiu que seriam “reprogramadas e efetuadas” até ao primeiro trimestre de 2019.

A líder centrista acusou igualmente o executivo de ter copiado algumas medidas do CDS-PP, que “foram rejeitadas pelo PS”, para a sua proposta de conciliação do trabalho com a vida familiar.

O que valeu uma frase de António Costa, a acusar os centristas de terem pertencido a um Governo que “aumentou o horário de trabalho”.

[Notícia atualizada às 16:52]