Falando a jornalistas no norte da Ucrânia, perto da fronteira russa, o fundador de um desses grupos, Denis Kapustin, do Corpo de Voluntários da Rússia, disse que entrar na Rússia e regressar à Ucrânia “pode ??ser considerado um sucesso”.

O ataque a que se referem os combatentes pró-ucranianos ocorreu na segunda-feira na região de Belgorod, quando Moscovo denunciou a incursão de grupos de “sabotadores” provenientes da Ucrânia, o mais grave incidente deste tipo, que foi acompanhado por bombardeamentos ucranianos que visaram localidades russas e que provocaram um morto e 13 feridos.

“A operação está em andamento. Tem várias fases”, afirmou Kapustin, uma figura conhecida nos meios ‘hooligan’ e de extrema-direita na Rússia e que se estabeleceu antes da guerra na Ucrânia, onde organizava lutas de Artes Marciais Mistas e era dono de uma marca de roupas.

Segundo Kasputin, este tipo de incursões obriga o exército russo a deslocar “um grande número” de forças, destapando assim outras partes da fronteira e da frente de combate.

O porta-voz do outro grupo que assumiu a responsabilidade pela incursão, identificado como “César” da “Legião da Liberdade Russa”, qualificou a operação de “incrível” enquanto posava em frente a um veículo blindado que garantiu ser um “troféu” retirado das forças russas.

Nascido em São Petersburgo, na Rússia, “César” foi identificado pelos ‘media’ russos como outro membro com ligações à extrema-direita.

Os combatentes, que eram cerca de 30 diante da imprensa, disseram que passaram quase 24 horas em território russo antes de regressar à Ucrânia na madrugada de hoje.

Moscovo afirmou na terça-feira ter repelido esta incursão com a ajuda da artilharia e da aviação e ter eliminado “mais de 70 terroristas ucranianos”.

Os combatentes, que se definem como “conservadores de direita e tradicionalistas”, afirmaram, por seu lado, que tiveram apenas dois feridos.

Segundo Kapustin, a reação de Moscovo àquela incursão mostrou que “a liderança militar e política na Rússia está completamente despreparada” para lidar com este tipo de manobras.

“Quero provar que se pode lutar contra os tiranos e que o poder de Putin não é ilimitado”, acrescentou, referindo que está a lutar contra a injustiça e a tortura.

Embora a Ucrânia tenha negado qualquer responsabilidade pela incursão, Kapustin disse que Kiev as encorajava mas sem fornecer armas ou equipamentos.

Imagens divulgadas pelas autoridades russas mostraram veículos usados ??pelos combatentes durante a incursão e posteriormente capturados, identificados pelo jornal The New York Times como MRAPs norte-americanos.

Se a Ucrânia recebeu mais de 500 de Washington, “César” garantiu tê-los comprado “nos armazéns de guerra”.

A Rússia prometeu hoje uma resposta “extremamente firme” em caso de novas incursões armadas.

“Vamos continuar a responder de forma rápida e extremamente firme a tais ações”, disse o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).