“Quando uma urgência hospitalar está a funcionar mal, naturalmente que tem implicações diretas nos bombeiros”, disse António Nunes, em declarações à Lusa.
Nesse sentido, a Liga pediu uma reunião “muito urgente” com a ministra da Saúde para, em conjunto, tentarem resolver estas situações, referiu.
O dirigente disse que sempre que os bombeiros transportam um doente ou sinistrado para um hospital que tem parte da sua urgência encerrada têm de o levar para outro, o que implica percorrer uma maior distância.
A isto acresce, acrescentou, que depois esses hospitais têm muitas pessoas à espera e esses doentes ou sinistrados transportados de outras unidades de saúde ficam a aguardar nas macas das corporações que fizeram o transporte, inviabilizando as ambulâncias.
“E temos de recorrer a segundas e terceiras ambulâncias para continuar a prestar socorro e, depois, a situação vira-se contra os próprios bombeiros porque demoram mais tempo e fazem percursos mais longos prejudicando a assistência a quem precisa de auxílio”, vincou.
O presidente da LBP disse que aquilo que se faz em 15 a 20 minutos, que é o transporte de um doente até um centro hospitalar, pode passar agora a demorar uma a duas horas.
Além disso, António Nunes salientou que usar meios adicionais implica que fiquem indisponíveis para satisfazer outras emergências como, por exemplo, incêndios florestais.
“Portanto, é preciso entender que a determinada altura os meios não são infinitos”, apelou.
António Nunes defendeu que seja encontrada uma solução para que não venham a ocorrer situações em que os utentes ou familiares culpem os bombeiros por ações das quais eles estão isentos de responsabilidades.
O presidente da Liga lembrou que são os bombeiros que fazem cerca de 85% dos transportes dos doentes e sinistrados para os hospitais.
E, depois dos cidadãos que são as principais vítimas daquilo que se vive nas urgências, os bombeiros são “quem se segue”, reforçou.
Esta posição da Liga dos Bombeiros Portugueses surge um dia depois da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) ter alertado que os constrangimentos no funcionamento dos serviços de obstetrícia e ginecologia vão manter-se até segunda-feira em vários hospitais na região de Lisboa.
“Apesar de todos os esforços desenvolvidos, não foi possível ultrapassar os constrangimentos no funcionamento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia da Região, que irão ocorrer entre o final do dia de hoje (10 de junho) e o final do dia de segunda-feira (13 e junho), período de feriados”, disse a ARSLVT, em comunicado.
Já hoje, o Hospital de Braga confirmou que vai fechar domingo, e durante 24 horas, a urgência de obstetrícia “pela impossibilidade completar escalas”, depois do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) ter denunciado a situação.
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