Para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajudar, o município tem disponível a partir de agora uma linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email sosucrania@cm-lisboa.pt, indicou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), numa conferência de imprensa conjunta com a embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets.

“Lisboa está realmente com Kiev, com a Ucrânia, com o povo ucraniano”, afirmou Carlos Moedas, referindo que o sentimento de solidariedade “é tão forte”: “Com o coração dos lisboetas, queremos ajudar em tudo aquilo que seja necessário, não podemos ter essa hesitação”.

O plano de solidariedade da cidade de Lisboa, centralizado na Câmara Municipal e que inclui as 24 juntas de freguesia lisboetas, divide-se em duas fases, em que a primeira passa por “dar um apoio imediato de alimentação, alojamento, vestuário, medicação e apoio psicossocial” aos ucranianos retidos na capital portuguesa, que se estima serem cerca de 50.

A segunda fase, implementada em coordenação com a embaixada da Ucrânia em Portugal, prevê a construção de "um centro de acolhimento de emergência para refugiados num pavilhão desportivo na sede da Polícia Municipal de Lisboa”, na zona da Praça de Espanha, e que assim que for necessário estará pronto no máximo de 72 horas.

Através da criação de uma equipa de missão, sob a alçada da diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, a capital portuguesa reafirma-se como “uma cidade aberta” ao assumir a missão de ajudar o povo ucraniano, com o compromisso de “encontrar soluções para todos”, desde os que ficaram retidos aos que deverão chegar como refugiados.

O autarca de Lisboa realçou a necessidade de antecipar a receção dos refugiados ucranianos: “Nós somos a capital do país, nós somos o sítio onde muitos vão chegar e nós temos de estar preparados antes de eles chegarem”.

Os donativos vão ser organizados pela Câmara de Lisboa, inclusive podem ser entregues no edifício dos Paços do Concelho, indicou Carlos Moedas, enaltecendo a solidariedade dos lisboetas, em que recebeu “muitos telefonemas” de pessoas dispostas a receber nas suas casas famílias ucranianas.

Além desta ajuda imediata, o município vai construir uma resposta estrutural de longo prazo para a integração dos ucranianos, assegurando, para já, o acolhimento das crianças ucranianas nas escolas da cidade.

“Não podemos falhar nesta missão”, declarou o autarca de Lisboa.

Relativamente ao centro de acolhimento de emergência para refugiados da Ucrânia, o presidente da câmara adiantou que essa resposta tem o envolvimento direto da Cruz Vermelha.

A ativação dessa resposta imediata de alojamento, que se pretende que seja temporário por “uns dias” até que se encontrem soluções de habitação, fica dependente da informação da embaixada da Ucrânia em Portugal, precisou Carlos Moedas.

Quanto ao apoio alimentar, o refeitório municipal de Monsanto está a partir de hoje de portas abertas para ajudar os cidadãos ucranianos que precisam.

Sem estar concluída a identificação dos ucranianos a necessitar de apoio, o autarca de Lisboa disse que “pode estar à volta das 50 pessoas que estão em Portugal e que não podem, neste momento, voltar para a Ucrânia”.

A embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, agradeceu à Câmara de Lisboa pela iniciativa de apoio, por estimar que os refugiados ucranianos podem chegar a Portugal, lembrando que o seu país continua a lutar “contra o agressor russo”, com “resistência feroz à ocupação russa da Ucrânia”.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de quase 500 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

(Artigo atualizado às 14:16)