“Construam pontes, não muros” é o apelo lançado a nível europeu pelo Seebrucke (Ponte Marítima), um movimento originário da Alemanha, que tem mobilizado manifestantes em várias cidades europeias e tem uma ação agendada para sábado, às 20:00, no Rossio (Lisboa).

O laranja, aludindo aos coletes usados pelos migrantes resgatados no Mediterrâneo, foi a cor escolhida para chamar a atenção para o problema dos refugiados e o tom dominante nos protestos do passado domingo, em Atenas.

A convocatória está a ser feita através de um evento criado na rede social Facebook, em que a organização transmite as suas reivindicações: passagem segura, descriminalização do resgate marítimo e “um acolhimento mais humano para as pessoas que se viram forçadas a fugir”.

A página do evento destaca que mais de 1.546 migrantes perderam a vida no Mediterrâneo na primeira metade deste ano. Em 2017 pelo menos outros 3.000 morreram afogados (segundo o Missing Migrants Project).

Os organizadores criticam o facto de os navios operados por organizações não-governamentais de resgate serem “obrigados a permanecer em terra por razões dúbias”, deixando abandonadas à sua sorte as pessoas que arriscam a vida na travessia do Mediterrâneo.

Outro alvo das críticas são os líderes europeus “que parecem ter fechado olhos, ouvidos e consciência à tragédia que tem lugar nas fronteiras europeias” e cooperam com governos “instáveis” e “autocráticos” que desrespeitam os direitos humanos, como a Líbia, Turquia, Sudão e Eritreia.

“Políticos europeus como Salvini [ministro do Interior italiano], Seehofer [ministro do Interior alemã] e Kurz [chanceler da Áustria] bloqueiam constantemente o resgate marítimo privado e aceitam conscientemente a morte de muitas mais pessoas”, condenam os organizadores do evento.

O Seebrucke é igualmente promotor de uma petição a nível europeu no âmbito da Iniciativa de Cidadania Europeia com a qual esperam reunir um milhão de assinaturas de cidadãos de, pelo menos, sete estados membros da UE, para fazer chegar o apelo à Comissão Europeia.

A Iniciativa de Cidadania Europeia é uma forma de os cidadãos influenciarem a Europa, convidando a Comissão Europeia a apresentar uma proposta legislativa. Quando uma petição reúne um milhão de assinaturas, a Comissão decide qual o seguimento a dar-lhe num prazo de três meses.

A Comissão registou a iniciativa "Somos uma Europa acolhedora, deixem-nos ajudar" a 15 de fevereiro, iniciando o processo de recolha de assinaturas pelo período de um ano.