Foi rodeado de comboios que Francisco Paupério, em visita à oficina da CP em Guifões, Matosinhos, voltou a destacar a ferrovia na campanha às eleições europeias de 09 de junho.

Depois de, na terça-feira, ter feito uma viagem de comboio entre a Figueira da Foz e Coimbra, hoje ficou a conhecer como equipamentos como aquele são mantidos e reparados.

“Isto é o futuro, é aquilo que devíamos ter feito na década de 1980 e na década de 1990. Devíamos ter prescindido do investimento em autoestradas e devíamos ter investido na ferrovia, não só pela transição energética, mas também pela coesão territorial.

Àquela oficina em Guifões, que reabriu em 2020, além da manutenção e reparação dos comboios da CP, chegam frequentemente de Espanha comboios usados, a que os trabalhadores despem a roupa da homóloga Renfe e deixam como novos para começarem a circular na ferrovia portuguesa.

É também ali que é feita a manutenção dos equipamentos do Metro do Porto, mas os cerca de 200 funcionários são insuficientes e o diretor de Manutenção e Engenharia, Manuel António Pereira, explicou que é cada vez mais difícil contratar e reter trabalhadores,

Além das condições de trabalho que não chegam para competir com o setor privado, faltam profissionais especializados, uma necessidade que o novo Centro de Competências Ferroviário, que deverá ser inaugurado ainda este ano, pretende colmatar.

“Infelizmente, em Portugal desistimos do ensino técnico e profissional e estamos, neste momento, a colher esses frutos. Há falta de mão-de-obra e é difícil reter estes trabalhadores que, ao fim de dois anos, vão para outras empresas. É preciso valorizar estes trabalhadores, valorizar os salários e as suas condições”, defendeu Francisco Paupério.

No Parlamento Europeu, se for eleito, o candidato do Livre pretende ser uma voz de defesa da ferrovia, considerando que Bruxelas, através dos fundos europeus, pode ir “mais além”.

Já ao final da tarde, Francisco Paupério voltou ao tema da conservação da natureza, outro repetente na campanha, e visitou “um dos poucos” habitats que não conhece. Uma falha enquanto biólogo, comentou o próprio em tom de brincadeira.

Num passeio por um dos percursos pedestres da Bio Ria em Salreu, Estarreja, o “número um” do Livre defendeu mais fundos europeus para a conservação de espaços como aquele e insistiu na aprovação da Lei do Restauro da Natureza.

A zona, onde a produção de arroz convive com várias espécies de aves, algumas ameaçadas e algumas que ameaçam as produções, Francisco Paupério sublinhou que o equilíbrio é possível e necessário, mas admitiu que implica apoiar os produtores agrícolas.

Recordou, a esse propósito, as manifestações de agricultores que se realizaram por toda a Europa e defendeu que o problema não está nas medidas de proteção ambiental, mas numa política agrícola comum que não soube proteger os pequenos e médios agricultores.

“Falta investimento a pequenos e médios agricultores, que não conseguem lidar com as consequências ambientais da crise climática”, argumentou, insistindo que essa política “tem de ser pensada de maneira diferente”.