A 16 de novembro de 2013, o Livre assinava a sua declaração de princípios e dizia ao que vinha: “O nosso lugar é no meio da esquerda”.

Em fevereiro do ano seguinte, no Porto, o partido reúne-se no congresso fundador sob o lema "Fazer Pontes" e em 19 de março é legalizado pelo Tribunal Constitucional, contando entre os seus fundadores com o historiador Rui Tavares – que até então tinha sido eurodeputado independente eleito pelo BE.

O Livre surge no panorama político português como um partido de esquerda, europeísta e ecologista assumindo estas bandeiras como distintivas de outras forças da sua área política, ao mesmo apelando à sua união.

Em outubro de 2014, em Sintra, no primeiro congresso do Livre, o na altura recém-vencedor das primárias do PS, António Costa, alertava que “a direita facilmente se junta e a esquerda facilmente se divide”, falando na necessidade de encontrar “um ponto de equilíbrio” para a alternativa de governação à esquerda, cada partido mantendo o seu eleitorado.

Logo em 2015, nas legislativas, o Livre integra a candidatura cidadã "Tempo de Avançar", em conjunto com o Fórum Manifesto, a Renovação Comunista e o MIC-Porto, e no seu programa eleitoral defende a importância de “uma nova maioria política na Assembleia da República de apoio a um novo governo que ponha termo ao ciclo de governação da direita”, apelando a uma "convergência entre os partidos que se têm oposto à austeridade".

Estava lançado o apelo para uma aliança das esquerdas, que viria a materializar-se na "Geringonça" pós-legislativas de 2015, que juntou PS, PCP, BE e PEV, mas que o Livre não integrou.

Após falhar a eleição de um deputado para o parlamento, o Livre apoia publicamente António Sampaio da Nóvoa nas presidenciais de 2016 e elege pela primeira vez candidatos nas autárquicas de 2017, conquistando nove lugares, incluindo representação na Assembleia Municipal de Lisboa.

Nas europeias de 2019, Rui Tavares volta a ser cabeça de lista e leva consigo em segundo lugar na lista uma das figuras marcantes da história do partido: Joacine Katar Moreira. A representação no Parlamento Europeu falha, mas em 2019 o partido elege pela primeira vez para a Assembleia da República Joacine katar Moreira, obtendo cerca de 57 mil votos.

A chegada histórica ao parlamento coincidiu, contudo, com um período conturbado para o Livre.

Os desentendimentos entre deputada e partido começaram no final do mês de novembro de 2019, na sequência da abstenção de Joacine Katar Moreira num voto no parlamento sobre a Palestina, e culminaram, em janeiro de 2020, na retirada de confiança política, passando a deputada à condição de não inscrita.

Perdida a representação parlamentar tão desejada, o Livre aperta algumas das suas regras nas primárias e volta a eleger nas autárquicas de 2020.

O "fantasma" da eleição passada ainda pairou na campanha das legislativas de 2022, mas o Livre consegue regressar à Assembleia da República, desta vez, com o deputado único e porta-voz, Rui Tavares, que ainda hoje é a principal figura do partido, obtendo cerca de 72 mil votos.

Num contexto de maioria absoluta do PS, o Livre tem assumido uma postura de consensos, negociando medidas com os socialistas no âmbito do Orçamento do Estado, nos quais até hoje se absteve sempre.

Os apelos à união da esquerda permanecem, sendo repetidos por Rui Tavares em várias ocasiões, entre avisos ao crescimento da extrema-direita.

Sobre a recente crise política, que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa, e a eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março, Rui Tavares tem alertado que Portugal enfrenta uma “crise de regime” e não apenas uma crise política.

“A maneira como nós vamos passar o ano dos 50 anos do 25 de Abril não é a comemorar o 25 de Abril, é a salvar o 25 de Abril”, antecipou.