“Vamos focar muito as jornadas parlamentares do Livre na questão do interior do país e de como o interior do país tem sofrido despovoamento, muito devido também à retirada das condições de vida para se conseguir viver em determinadas regiões do país”, afirmou a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, em declarações à agência Lusa.
O círculo eleitoral de Portalegre elege apenas dois deputados nas legislativas, o que faz com que os eleitores deste distrito “apenas possam ver com real expectativa a eleição de dois ou três partidos”.
Para o Livre, este problema traduz “uma grande desproporção e desigualdade entre eleitores do mesmo país”, razão pela qual o partido vai insistir na criação de um círculo nacional de compensação, para combater “este desequilíbrio eleitoral e de democracia que existe entre as várias regiões do país”.
A dificuldade de acesso a serviços públicos básicos como na área da saúde, “uma simples caixa de multibanco ou o acesso aos correios” será outra das temáticas em cima da mesa nestas jornadas, nas quais o Livre quer ainda falar de criação de emprego e a sua ligação à sustentabilidade ecológica.
O programa arranca hoje com uma sessão de abertura na Biblioteca Municipal de Elvas, seguida de uma reunião, à tarde, com a associação empresarial deste concelho.
Na terça-feira, o dia começa com uma visita ao Centro Ciência e Inovação do Café, em Campo Maior, seguida de uma visita à fábrica da Nova Delta e à barragem do Caia, com uma reunião com representantes da organização não governamental de ambiente Quercus.
O grupo parlamentar regressa à Biblioteca Municipal de Elvas à tarde para o encerramento das jornadas.
Isabel Mendes Lopes foi interrogada sobre se a organização destas jornadas parlamentares em Elvas, concelho no qual o Chega obteve o melhor resultado em percentagem nas legislativas de março, está relacionada também com o crescimento deste partido naquela região, sendo o combate à extrema-direita uma bandeira eleitoral do Livre.
“Parece-nos que é muito importante que, por todo o país, as pessoas não se sintam esquecidas, não se sintam abandonadas e percebam que há políticos e há serviços e há Estado que trabalha para todo o país. Por isso é que nós quisemos marcar as nossas primeiras jornadas parlamentares em Elvas”, salientou a deputada.
A três dias da entrega da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2025, o Livre vai dedicar parte destas jornadas à preparação de propostas de alteração ao documento.
Isabel Mendes Lopes considerou que o OE 2025 já está “altamente condicionado” por medidas como o IRS Jovem ou uma eventual descida do IRC e afirmou que se estão a debater “migalhas em vez de grandes medidas para o país”.
Em alternativa, o Livre prioriza a erradicação da pobreza infantil ou a criação de uma herança social, instrumento que visa permitir a um jovem entre os 18 e 35 anos aceder a uma quantia que pode ter origem na taxação de “grandes heranças”, superiores a um milhão de euros, ou através da rentabilização de certificados de aforro.
Quanto ao sentido de voto na generalidade, o Livre só se vai pronunciar após ser conhecido o texto.
“Temos sido muito claros em dizer que a Aliança Democrática, PSD e CDS, têm visões muito opostas à visão do Livre para o país, para aquilo que é a justiça social, para aquilo que é a incorporação da ecologia no nosso modelo de desenvolvimento e, portanto, dificilmente haverá compatibilidade entre estas visões”, salientou.
Isabel Mendes Lopes acrescentou que “só com uma grande surpresa ou com uma proposta substancialmente diferente daquilo que a AD propôs no seu programa eleitoral” é que o Livre poderia rever-se minimamente no documento apresentado.
As jornadas parlamentares do Livre estiveram agendadas para 23 e 24 de setembro mas foram adiadas pelo partido para hoje e terça-feira devido aos incêndios que assolaram o país no final daquele mês.
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