Pais e professores da região de Dallas manifestaram alarme e preocupação pelo facto de o livro "Stay Safe", produzido por uma empresa de consultoria em matéria de aplicação da lei de Houston, ter sido enviado para casa nas mochilas das crianças do pré-escolar e do ensino básico, conta o The Guardian.

No subtítulo do livro pode ler-se a mensagem principal: "Se houver perigo, deixa o Winnie-the-Pooh e a sua equipa mostrarem-te o que fazer: Correr, Esconder, Lutar", ou seja, as tácticas aconselhadas pelo FBI "caso aconteça o impensável".

"Se for seguro fugir, devemos correr como o Coelho em vez de ficar... Se o perigo estiver perto, não tenhas medo, esconde-te como o Pooh até a polícia aparecer", é explicado no interior do livro. Neste último conselho, a imagem mostra o urso com a cabeça dentro de um pote de mel.

Noutra página, a canguru Kanga e o bebé Roo aparecem com luvas de boxe: "Se o perigo nos encontrar, não fiquemos, fujamos. Se não conseguirmos fugir, temos de lutar com todas as nossas forças".

Assim, o livro apresenta o famoso urso que adora mel, criado por A. A. Milne e pelo ilustrador E. H. Shepard, e os restantes amigos do Bosque dos Cem Acres a dar instruções às crianças sobre como reagir a um tiroteio em massa. Contudo, esta não se trata de uma produção oficial, já que o Winnie-the-Pooh está no domínio público desde 1 de janeiro de 2022.

O livro foi distribuído às crianças nas escolas da zona de Dallas na segunda-feira, sem discussão ou comentário, quer com os professores quer com as famílias que o receberam. A medida foi tomada na semana do primeiro aniversário de Uvalde, o tiroteio em massa numa escola primária do Texas em que morreram 19 crianças e dois professores.

Uma professora de uma escola primária de Dallas, com cerca de 500 alunos, disse ao jornal britânico que achou o livro "terrivelmente perturbador". Segundo a docente, foi-lhe dada uma pilha de exemplares para entregar a cada criança da sua turma.

"O facto de as pessoas acharem que é melhor distribuir este livro a uma criança do que tomar medidas para impedir que ocorram tiroteios nas nossas escolas incomoda-me muito. Faz-me sentir tão zangada, tão desiludida", acrescentou.

Os pais também manifestaram angústia pelo facto de os seus filhos terem levado o livro para casa sem qualquer outra instrução na semana do primeiro aniversário de Uvalde, um tiroteio em massa numa escola primária do Texas em que morreram 19 crianças e dois professores.

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