“Acho que é uma medida muito tímida. Não há apoio efetivamente ao comércio e há lojas que não estão contempladas [no projeto Lojas com História], lojas que até têm alguma viabilidade económica”, realçou à agência Lusa o presidente da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), Victor Silva.

Para o presidente do AVChiado, a compra de imóveis por parte de fundos recorda os tempos em que abriram as primeiras grandes superfícies comerciais, como o centro comercial Colombo, em Lisboa.

“Isto faz-me lembrar quando abriram as grandes superfícies… Foi dar no que deu, que foi a desertificação da Baixa lisboeta, até pós-incêndio do Chiado”, vincou, adiantando que o centro histórico o faz lembrar também “espaços zoológicos que têm as espécies em vias de extinção”.

De acordo com Victor Silva, a Baixa não tem beneficiado com os apoios da Comunidade Económica Europeia (CEE).

“Falando da Baixa e do Chiado, resultando do incêndio, também houve apoios que iam ser dados ao comércio e não foram distribuídos”, salientou.

Por seu lado, o vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), Vasco Melo, disse que tem havido existido “uma procura muito grande” na compra de imóveis na Baixa lisboeta, o que tem originado especulação nas rendas.

“Tem havido uma enorme procura quer por fundos, quer por privados na compra de imóveis na Baixa Pombalina”, referiu à Lusa, assegurando que o projeto “Lojas com História” não protege os espaços comerciais, porque “ao fim de cinco anos a renda torna-se livre”.

Segundo Vasco Melo, o grande problema com que as lojas com história se defrontam tem que ver com a capacidade de cidadãos estrangeiros, nomeadamente asiáticos, em conseguir arrendar os espaços a troco de vários milhares de euros.

“Eu não consigo entender como é que vêm comerciantes do Bangladesh e oferecem 15 mil euros [de renda]”, observou Vasco Melo, considerando que “não tem nada a ver com uma atividade económica normal”.

Sobre a aquisição de imóveis por fundo económicos, a advogada Sara Blanco de Morais afirmou que as características da Baixa Pombalina favorecem os investimentos por serem “edifícios que, pela sua monumentalidade, correspondem a quarteirões [ou próximo disso]”.

À Lusa, Sara Blanco de Morais garantiu que os fundos de investimento imobiliário possuem capacidade financeira que os particulares não dispõem.

Para a advogada, não são raras as lojas com história que já fecharam entre 2017 e 2019.

“Não são assim tão raros os casos de lojas com história que fecharam a respetiva atividade nos últimos dois anos”, anotou, referindo a atribuição da designação de “Lojas com História” não é “garantia de sucesso em atividade”.

Com o projeto “Loja com História”, aprovado em 2017, pretendeu-se acautelar a preservação dos estabelecimentos comerciais com especial valor histórico.

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