Marcelo Rebelo de Sousa estará entre terça-feira e sábado da próxima semana, em Angola, e a sua visita de Estado vai dividir-se entre a capital, Luanda, e as províncias de Benguela e Huíla.
O Presidente estará acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, bem como pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e por uma delegação parlamentar.
O "reforço do bilateralismo diplomático e económico" é, de acordo com os angolanos, em Luanda, alguns dos pontos que vão dominar a agenda do político português, que será recebido pelo Presidente de Angola, João Lourenço, na manhã de quarta-feira, 6 de março.
Segundo o politólogo angolano, Olívio Kilumbo, "é normal que a visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa seja preenchida com alguma expectativa”, lembrou, aludindo a idêntica visita feita por João Lourenço a Portugal, em novembro de 2017.
"É uma visita importante, primeiro pelo famoso bilateralismo diplomático entre os Estados, que são amigos, que têm uma relação histórica e, de lá para cá, há que ter em conta os aspetos históricos e a evolução da própria relação", disse.
Para Olívio Kilumbo, a vertente económica será a tónica dos encontros bilaterais em Angola e Portugal: "existe um número considerável de empresas portuguesas em Angola".
"Portugal, por esta altura, precisa de relançar as relações com Angola, na medida em que João Lourenço, quando foi à Europa, deu sinal de que a prioridade da relação” abrange outros “países europeus”, acrescentou o também docente.
Marcelo Rebelo de Sousa “é uma figura incontornável, figura da liderança do século XXI, que são lideranças pragmáticas, menos formais do ponto de vista do contacto com as pessoas. Tem-se verificado que, mesmo na imprensa portuguesa, Marcelo é um ‘showman' do ponto de vista da política. São políticos modernos que estão acima dos entraves que os formalismos das presidências exigem", realçou.
De acordo ainda com Olívio Kilumbo "é normal" que "Ti Celito" seja popular em Angola, sobretudo devido à forma muito incomum de relacionar-se com as pessoas, os abraços, as "selfies" feitas em Luanda em setembro de 2017, durante a tomada de posse de João Lourenço, e as que irão ser feitas na visita a Angola.
"Naturalmente projetam Rebelo de Sousa para outros níveis de popularidade, o que é pouco comum em Angola, com um regime ainda fechado", observou.
Por seu lado, David Já, representante da comunidade islâmica em Angola, realçou que Marcelo Rebelo de Sousa tem uma "popularidade espetacular que encanta os angolanos" e afirmou que a visita a Angola vem "galvanizar as relações sociais" entre os povos dos dois países.
"São países com laços históricos há décadas, laços consanguíneos e, num contexto de crise económica e financeira, Portugal poderá dar uma força muito grande a Angola no contexto da União Europeia (UE) para cativar melhores investimentos possíveis para Angola" disse à Lusa, David Já.
O líder da comunidade islâmica em Angola considerou "Ti Celito" um "companheiro, amigo e filho" de Angola: "Rebelo de Sousa vê Angola como um espaço de sua interação histórica, então vê Angola como segunda terra".
"A popularidade de Rebelo de Sousa encanta-nos bastante, é espetacular o que tem estado a fazer por Angola e gostaria que servisse de exemplo para os nossos governantes ", apontou.
Já para o presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), Geraldo Wanga, a visita do estadista português a Angola vai dar um novo fôlego nas relações económicas entre Luanda e Lisboa.
"Está claro que a vertente económica vai dominar a vista, porque a visita do ministro Augusto Santos Silva a Angola antecipou aquilo que será a agenda predominante do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Angola", frisou.
"O número de angolanos a investir em Portugal é grande, o mesmo que o de portugueses que tencionam investir em Angola na área do ensino, agricultura. Pensamos que nós temos a ganhar com a visita do Presidente português a Angola".
O presidente da ANATA destacou igualmente a "forma simples" como o Presidente da República portuguesa encara o fenómeno político, referindo que a postura "facilita quer a sua governação quer a abordagem com a oposição".
"E fruto disso está aí. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, alguém simples, na forma de abordar os factos socais e que tem sabido transmitir esse calor, sobretudo ao nosso Presidente angolano", rematou.
Marcelo Rebelo de Sousa chegará a Luanda na terça-feira de Carnaval, 5 de março, para estar presente no aniversário do chefe de Estado angolano, que completa 65 anos, mas a visita de Estado só tem início no dia seguinte.
Depois de Luanda, passará por Lubango, na província de Huíla, e por Benguela, Lobito e Catumbela - viajando de comboio entre estes dois últimos municípios -, na província de Benguela, regressando à capital angolana na sexta-feira.
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