"Face às informações publicadas nos últimos dias a propósito dos designados 'Luanda Leaks', sem qualquer admissão de culpa, entendi que, ouvidos alguns dos meus sócios, para não prejudicar o bom nome e a reputação da Uria Menéndez Proença de Carvalho, devia renunciar à minha condição de sócio com efeitos imediatos", disse à Lusa o advogado, numa resposta por escrito.

"Apresentei na tarde de ontem [quinta-feira] essa mesma carta de renúncia", acrescentou.

"Foi também meu entendimento que, face à minha decisão de interromper o compromisso que tinha com o escritório, deveria fazer uma suspensão da minha atividade profissional como advogado e aproveitar os meses que se seguem para, além de ponderar tudo o que ocorreu nas últimas semanas, finalizar a minha tese de doutoramento", prosseguiu.

Assim, acrescentou, "como consequência imediata e necessária desta decisão, cessarei também o patrocínio jurídico à engenheira Isabel dos Santos e às sociedades que lhe estão associadas e, por isso mesmo, renunciarei, nos próximos dias, a todos os cargos que ocupava em órgãos sociais relacionados com as ditas sociedades", concluiu.

Jorge Brito Pereira salientou que esta informação foi comunicada na quinta-feira a Isabel dos Santos, que, segundo os media, esteve em Lisboa numa visita rápida e que terá partido para Londres nesse mesmo dia.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo (19 de janeiro) mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham operações financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

Isabel dos Santos disse estar a ser vítima de um ataque político e sustentou que as alegações feitas contra si são "completamente infundadas", prometendo recorrer à justiça.

Na quarta-feira (22 de janeiro), a Procuradoria-Geral da República angolana anunciou que Isabel dos Santos foi constituída arguida num processo em que é acusada de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol e que visa também portugueses alegadamente facilitadores dos negócios da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), e Paula Oliveira foram constituídos arguidos em Angola e, na quinta-feira, renunciaram aos cargos de administradores não executivos da operadora de telecomunicações NOS, bem como também Jorge Brito Pereira, advogado da empresária, que era 'chairman' da empresa do universo Sonae.

Na quinta-feira, o procurador-geral da República angolano, Hélder Pitta Grós, encontrou-se em Lisboa com a homóloga portuguesa, Lucília Gago, para analisar este e outros casos, e manteve-se em silêncio após a reunião.

De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.

A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.

O EuroBic já anunciou que a empresária vai abandonar a estrutura acionista.

Entretanto hoje, o Conselho de Administração da Efacec anunciou que Isabel dos Santos vai vender a sua posição no grupo.

(Notícia atualizada às 15:43)

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