"Tendo o Presidente da República procedido à audição dos partidos e coligações de partidos que se apresentaram às eleições de 10 de março para a Assembleia da República e obtiveram mandatos de deputados, tendo a Aliança Democrática vencido as eleições em mandatos e em votos, e tendo o Secretário-Geral do Partido Socialista reconhecido e confirmado que seria líder da Oposição, o Presidente da República decidiu indigitar o Dr. Luís Montenegro como Primeiro-Ministro, apresentando oportunamente ao Presidente da República a orgânica e composição do XXIV Governo Constitucional", diz a nota no site oficial da presidência da República.

Numa curta declaração aos jornalistas, Luís Montenegro explicou que "era importante fazê-lo hoje – nesta passagem do dia 20 para dia 21 - apesar desta hora tardia, visto que amanhã de manhã [hoje] terei uma reunião com a presidente da Comissão Europeia e com os meus colegas líderes de partidos políticos que compõem o Partido Popular Europeu”.

O presidente do PSD justificou que, devido a essa agenda, “era inviável” poder ser indigitado durante a manhã e, por outro, “era útil participar nestas reuniões já na condição de primeiro-ministro indigitado”.

“Acertei com o Presidente da República que, de hoje a oito dias, no dia 28, virei apresentar-lhe a composição do futuro Governo, tendo também acertado com ele que a data da tomada de posse será no dia 02 de abril”, disse.

Sem responder a perguntas, Montenegro despediu-se desejando a todos “um bom trabalho e bom descanso”.

“Ver-nos-emos nos próximos dias”, afirmou.

A Aliança Democrática já tinha sido recebida ontem pelo Presidente da República, numa reunião que durou cerca de uma hora e 40 minutos. A falar aos jornalistas após a conversa com Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro disse ter transmitido logo "a disponibilidade da coligação em assumir a liderança do governo" e consequentemente "ser indigitado primeiro-ministro".

Para o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, o futuro Governo deverá ter capacidade de diálogo com todos os partidos e, questionado se inclui o Chega, defendeu que “no parlamento toda a vida se dialogou com todos”.

A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Na Europa, o Chega ficou com 18,31 %, ou seja, 42.972 votos. Na segunda posição, O Partido Socialista (PS) ficou em segundo com 38.061 votos. Ambos os partidos elegem um deputado. O Chega elegeu José Dias Fernandes, já o PS elegeu Paulo Alexandre de Carvalho Pisco. Fora da Europa, o Chega elegeu mais um deputado, enquanto a AD elegeu outro.

Foram apurados 16 consulados e registados 234.654 votantes, dos 937.311 inscritos. Neste círculo, 38,49% de votos foram considerados nulos. O BE obteve 2,74% dos votos, a IL 2,44%, o PAN 2,20%, o Livre 1,74%, o PCP-PEV 1,01%, a ADN 0,41%, o Volt 0,32%, o PCTP/MRPP 0,32 %, o JPP 0,24 %, Nós Cidadãos 0,22%, Nova Direita 0,21 %, R.I.R. 0,19%, Ergue-te 0,08% e o MPT.A 0,05%.
No círculo Fora da Europa, há meia-noite e meia, quando faltava apenas contar um consulado no Brasil, a abstenção estava perto dos 78% e tinham sido anulados quase 40% dos votos.