Montenegro, que já admitiu candidatar-se à liderança do PSD – tal como Pedro Duarte -, chegou ao terraço à beira-rio, em Lisboa, exatamente no momento em que o anfitrião ia começar a sua apresentação, pouco depois das 19:00.

No final, Pedro Duarte e Luís Montenegro deram um abraço e o antigo dirigente social-democrata saiu imediatamente do espaço, sem prestar declarações à comunicação social.

Já o fundador do Manifesto X explicou que se tratou da presença de “um amigo de há muitos anos”, que convidou para estar na apresentação.

“Sensibilizou-me muito a sua presença, mas interpreto dessa maneira: foi um amigo que me veio dar um abraço, valorizando a nossa amizade e a nossa iniciativa”, justificou o antigo secretário de Estado da Juventude.

Luís Montenegro desafiou em janeiro Rui Rio a convocar diretas no partido, repto rejeitado pelo presidente do PSD que apresentou uma moção de confiança à direção, aprovada com cerca de 60% dos votos em Conselho Nacional.

Se essa amizade pode impedir que ambos se candidatem em simultâneo à liderança do PSD, Pedro Duarte considerou não ser este o momento de discutir “candidaturas alternativas”.

“Esta é uma fase de unidade dentro do PSD, é uma fase em que considero que há espaço para dar contributos positivos e construtivos”, afirmou, escusando-se sequer a repetir, a quatro meses das legislativas, a disponibilidade manifestada no verão passado para ser candidato à liderança do PSD.

Pedro Duarte não convidou Rui Rio para a apresentação do Manifesto X – convidou “apenas um grupo de amigos” –, mas disse que as reflexões da plataforma, assentes em 10 metas para a próxima década e cerca de 100 medidas prioritárias, “estão à disposição da direção do PSD”, tal como das outras forças políticas que as queiram aproveitar.

“Eu espero que estes contributos sejam também lidos por parte da direção do PSD, também são dirigidos à direção do PSD e à sua liderança”, defendeu, considerando que a reflexão do Manifesto X “é um espaço complementar” ao trabalho dos partidos, “não é contraditório e muito menos concorrente”.

Questionado quando deixará de fazer sentido a mensagem de unidade dentro do partido, Pedro Duarte referiu que a resposta “é relativamente óbvia”, apontando para o Congresso do PSD após as legislativas, que, se se mantiverem os calendários, será em fevereiro do próximo ano.

Pedro Duarte defendeu que o convite a Montenegro não afeta essa unidade, considerando que “ninguém no PSD deve ser excluído”, e adiantou não ver razões para, como Pedro Santana Lopes (ex-presidente do PSD), iniciar uma nova formação política para apresentar as suas ideias.

“Eu sou militante do PSD desde sempre e não vejo razões para desistir desta militância. Tenho esperança de que o PSD volte a ser um destes dias força motriz de progresso, de desenvolvimento do país como foi no passado”, declarou.

Numa breve apresentação do documento, o antigo líder da JSD reiterou que o Manifesto X quer ser “um contributo cívico para o país” e indicou a mensagem ao centro.

“São metas ambiciosas que assentam num pressuposto: o que nos move é o bem-estar das pessoas. Nós estamos a apontar para o centro, porque no centro estão as pessoas”, justificou.

Por exemplo, o manifesto apresenta como primeira meta o aumento do índice de felicidade dos portugueses e apenas como décima a redução da dívida pública.

“Somos evidentemente favoráveis à aposta no crescimento económico, mas é um meio. Não é um fim em si mesmo”, defendeu.

Apontando a “enorme velocidade” de mudança no mundo, Pedro Duarte considerou que seria “uma enorme irresponsabilidade” não propor novas formas de olhar as políticas públicas.

“Se olharmos para a generalidade dos atores políticos não vimos a mínima vontade de se querer perspetivar um futuro que está a chegar”, lamentou, considerando que é na próxima década que Portugal “vai optar se quer estar numa primeira liga de bem-estar” ou se se torna apenas um destino agradável “para reformados de outros países que vivem bem, mas com uma sociedade desigual”.

O Manifesto X, que foi anunciado em setembro do ano passado, foi redigido por uma equipa de cerca de 20 pessoas, a maioria sem filiação partidária, e contou hoje com uma mensagem escrita de apoio cívico do antigo Presidente da República Ramalho Eanes.

Além de Luís Montenegro, as caras mais conhecidas do PSD na apresentação foram as do ex-secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier, de Carlos Sá Carneiro, antigo assessor de Passos Coelho, e de Alexandre Patrício Gouveia.

No próximo mês, os fundadores do Manifesto X contam organizar três tertúlias, com temas tão diversos como a transparência, em Lisboa, a solidão dos idosos, na Covilhã, e a natalidade, em Coimbra.

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