Para Montenegro, que anunciou a candidatura dias após as eleições legislativas, desafiando o atual líder, Rui Rio, a entrar na corrida, o PDS “tem de ter vida própria e autónoma e tem de ser suficientemente forte para, nas próximas legislativas, não ter 27 % mas uma maioria absoluta na Assembleia da República e não depender do PS para fazer as reformas de que o país precisa”.
“O PS não vai querer fazer nenhum acordo connosco, não vale a pena perdermos tempo sendo muletas ou bengalas do PS, independentemente das áreas onde se devem projetar entendimentos quanto a reformas estruturais. Se uma das partes não quer, que é o PS, não vale a pena insistir”, observou.
Luís Montenegro falava aos jornalistas antes de um jantar com apoiantes em Braga, no dia em que lançou o sítio na internet da sua candidatura.
O antigo líder parlamentar social-democrata referiu-se a uma “força que vem de dentro do PSD”, numa alusão ao ‘slogan’ da sua candidatura, e que “falta” ao partido como alternativa política em Portugal, mas que existe”.
“Não está é a ser aproveitada”, lamentou.
Questionado sobre se é a força que falta ao atual líder do partido, Montenegro afirmou que, nos últimos dois anos, Rui Rio “esteve sempre muito à espera do PS” e “sempre muito focado nos entendimentos com o PS”.
Quanto ao programa de Governo, cuja discussão decorreu na quarta e quinta-feira no parlamento, Montenegro destacou que “a grande conclusão” a tirar é a necessidade “de uma alternativa firme, séria e forte” ao PS e “parceiros de esquerda”.
“A grande conclusão que se retira do debate do programa de Governo é que Portugal precisa de uma alternativa política firme, séria e forte à protagonizada pelo PS e pelos partidos de esquerda”, disse.
O candidato alertou para um “setor da saúde cuja solução de crise não está prevenida no programa de Governo”, para uma “política salarial que está a nivelar por baixo” e para um executivo que “não ataca o problema que é a asfixia fiscal em que vivem as pessoas e as empresas”.
“Portugal precisa de uma alternativa que dê resposta a estes problemas e sirva de antagonista à política de esquerda do PS e dos seus parceiros”, sustentou.
Para Luís Montenegro, esta alternativa é precisa, “em primeiro lugar porque, objetivamente, o PS continua suportado pelo PCP, BE e também pelo PAN e pelo Livre”.
“Não há nenhuma crise na esquerda nem na geringonça. A geringonça existe, o casamento está em vigor. Os parceiros discutem em público mas depois arranjam-se em privado”, alertou.
Montenegro lamentou ainda as “grandes omissões que programa de Governo deixou evidenciadas”, nomeadamente no setor da saúde, onde existe um “drama” para o qual o executivo não apresenta solução.
O candidato à liderança do PSD criticou ainda que apenas haja “uma preocupação com o salário mínimo, que está cada vez mais próximo do salário médio, o que significa que toda a gente ganha cada vez menos”.
“Portugal tem uma política salarial nivelada por baixo e este é um problema que só o crescimento da economia pode resolver isso e não é uma prioridade deste programa de Governo”, notou.
O social-democrata destacou ainda que a carga fiscal, que “atingiu o máximo de sempre com este Governo, não vai ter a diminuição que se exigia”.
O candidato à liderança do PSD Miguel Pinto Luz elogiou na quarta-feira a prestação do partido no debate do programa do Governo, cujas principais intervenções estiveram a cargo do presidente, Rui Rio, e do ex-líder parlamentar Fernando Negrão.
A corrida à liderança do PSD vai ser disputada em eleições diretas a realizar em janeiro e cuja data concreta será fixada num Conselho Nacional, em Bragança, marcado para 08 de novembro.
O atual líder, Rui Rio, recandidata-se ao cargo, estando na corrida, até ao momento, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.
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