“O que o ministro dos Negócios Estrangeiros fez com a sessão solene do 25 de abril na Assembleia da República é lamentável, é mesmo uma gafe imperdoável. O ministro dos Negócios Estrangeiros não tem o direito de falar em nome da Assembleia da República” (AR), acusou Luís Montenegro.
Na sessão de encerramento da 12.ª Universidade Europa, em Anadia, o presidente do PSD lembrou que a Constituição de Portugal, o sistema de poderes e os órgãos de soberania “têm cada um o seu espaço” e “o Governo não fala em nome do parlamento”.
“E depois o ministro dos Negócios Estrangeiros criou uma situação, que do ponto de vista diplomático, é muito melindrosa”, continuou o presidente social-democrata no seu discurso.
Já que, do seu ponto de vista, e “goste-se ou não” do Presidente do Brasil, Lula da Silva, os portugueses têm “um dever de respeitar um chefe de Estado, seja ele de que país for, mas mais ainda se for um país irmão como é o Brasil”.
“O caso está criado, alguém vai ter de lhe dar solução. A solução não pode ser colocar um chefe de Estado a falar na sessão solene do 25 de Abril, isso não é aceitável”, defendeu Luís Montenegro, que considerou a visita de Lula da Silva “manchada por um episódio que não devia ter acontecido”.
No seu entender, o 25 de Abril em Portugal, cuja evocação é feita na AR, “é feita através da voz do povo português expressa pelos seus representantes legítimos que são os partidos políticos e é a voz do povo português expressa pelo seu representante máximo que tem a legitimidade democrática do voto que é o Presidente da República”.
“Não é desrespeitar o nosso convidado, pelo contrário, eu acho que ele próprio jamais quereria que a sua visita a Portugal ficasse marcada por uma confusão desta natureza”, considerou.
Neste sentido, apelou ao presidente da AR e aos partidos políticos para “encontrarem ou no dia 24 ou no dia 26 o espaço suficiente para o Presidente Lula [da Silva] ser recebido com dignidade na casa mãe da democracia portuguesa”.
“Possa até usar da palavra na AR, mas não confunda isso com a sessão de evocação da nossa revolução, que nos trouxe a pluralidade da opinião política vertida no voto livre, independente de todos os portugueses”, rematou.
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