“Devemos atuar para evitar que a guerra se alastre para os países vizinhos”, disse Lula da Silva numa reunião virtual extraordinária convocada pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que preside este ano ao BRICS, para analisar a crise em Gaza.
“A contribuição do BRICS, em sua nova configuração, juntamente com todos os atores a favor do autocontrole e da ‘desescalada’, é valiosa e essencial”, acrescentou o Presidente brasileiro, referindo-se à expansão do bloco acordada em agosto, em Joanesburgo, e que incluía a Arábia Saudita, a Argentina, o Egito, a Etiópia, o Irão e os Emirados Árabes Unidos.
O Presidente sul-americano ressaltou que “o Brasil não acredita que a paz seja alcançada apenas pela força das armas”.
“Temos uma longa experiência nacional que reforça a nossa fé na paz criada por uma negociação diplomática justa”, pontuou.
No entanto, “estes atos bárbaros não justificam o uso indiscriminado e desproporcional da força contra civis”, sublinhou Lula da Silva, afirmando que “estamos perante uma catástrofe humanitária” em Gaza.
O chefe de Estado brasileiro considerou a guerra atual entre o movimento islâmico Hamas e Israel “o resultado de décadas de frustração e injustiça, representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”.
“O reconhecimento de um Estado palestiniano viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos de retomar o processo de paz entre Israel e a Palestina o mais rapidamente possível”, exigiu Lula da Silva.
Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul participarão na reunião do BRICS juntamente com os da Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, após um ataque do grupo islâmico que provocou a morte de 1.200 pessoas e sequestro de mais de 240 outras em aldeias israelitas perto da Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram o grupo na Faixa de Gaza, numa guerra que provocou mais de 13.300 mortos, a maioria deles crianças e mulheres, havendo mais de 6.500 pessoas desaparecidas, que poderão estar sob os escombros, pelo que o número de vítimas mortais poderá ser ainda maior.
A isto somam-se dezenas de milhares de feridos, bem como mais de 1,7 milhões de pessoas deslocadas – mais de dois terços da população total -, que vivem no meio de uma grave crise humanitária devido à escassez de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
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