O Partido dos Trabalhadores (PT), sigla fundada e liderada por Lula da Silva, recusou lançar outro candidato até o início de setembro, prazo máximo dado pela Justiça eleitoral para fazer a substituição do nome do antigo Presidente, alegando que o seu líder histórico é vítima de uma perseguição política por parte do sistema judicial.
Em paralelo, até à recusa final de Lula por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o antigo chefe de Estado liderava com vantagem as sondagens de intenção de voto, com o apoio de 37% dos brasileiros.
Após meses de discussão na Justiça, Lula da Silva teve a candidatura impugnada pelo TSE porque foi condenado em tribunais de duas instâncias num processo sobre esquemas de corrupção na Petrobras, condição que legalmente o impede de disputar cargos públicos.
Com o ex-Presidente impedido, o novo candidato do PT, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, assumiu uma estratégia para colar a sua imagem ao antigo chefe de Estado.
Nas ações de campanha, o candidato tem sido apresentado como “Luiz Fernando Haddad Lula da Silva” e diz aos eleitores que retomará os programas do Governos do ex-Presidente para voltar a transformar o Brasil.
Já os adversários atacam Haddad e chamando-o de "poste" e "candidato fantoche", que foi escolhido apenas porque Lula da Silva não poderá concorrer.
Para chegar à segunda volta das presidenciais, o candidato do PT terá que travar uma disputa particular com dois outros possíveis herdeiros do campo progressista e da esquerda, a ambientalista Marina Silva e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes.
No caso de Ciro Gomes, que foi ministro de Governo de Lula da Silva e chegou a dizer que assistiu com tristeza a condenação judicial e prisão do ex-presidente, a sua candidatura tem sido isolada pelo PT, que impediu acordos partidários para alargar a sua base de apoio.
Em troca do apoio regional do PT a algumas siglas de esquerda como o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), estas duas formações não aceitaram formar uma coligação nacional com Ciro Gomes.
Já entre os adversários, a memória do ex-presidente nesta eleição desperta reações controversas.
Nomes como o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro, atual líder das sondagens de intenção de voto, atacam o ex-Presidente chamando-o de símbolo máximo da corrupção.
Por outro lado, membros de partidos de oposição mais pragmáticos como o senador Renan Calheiros, que pertence à mesma sigla que o Presidente Michel Temer - considerado um dos responsáveis pela articulação do processo de destituição da afilhada política de Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff - elogiam o legado de Lula.
Criticado ou elogiado, inquestionável é o facto de que Lula da Silva sobrevive como um fantasma cuja sombra projeta dúvidas e incertezas na eleição presidencial do Brasil.
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