Trata-se de uma das medidas que estão a ser adotadas pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB) para mitigar os desequilíbrios que se verificam na capital de distrito entre a procura e a oferta de quartos para arrendamento, devido ao aumento do número de estudantes, que ronda os oito mil.
Segundo disse à Lusa o presidente, Orlando Rodrigues, o Politécnico fez uma parceira com a Câmara de Macedo de Cavaleiros no sentido de disponibilizar alojamento naquela cidade também aos alunos de Bragança.
“Há aqui uma proximidade geográfica grande, Macedo de Cavaleiros também tem alguns cursos [técnicos] a funcionar, podemos considerar que é quase um bairro de uma cidade à outra, em 20 minutos faz-se o trajeto”, explicou.
O que se está a preparar, de acordo com o responsável, “é que a Câmara ajude com um transporte diário e que o alojamento em Macedo de Cavaleiros possa funcionar como complementar do alojamento em Bragança”.
“Já há alunos que estão a procurar casa, já há vários quartos arrendados em Macedo nessas condições e, portanto isso é um fator que tem ajudado a estabilizar o mercado”, afirmou.
Outra medida que o instituto está a trabalhar é o aproveitamento de edifícios públicos que estão abandonados e a degradar-se e que pretende aproveitar também para residências estudantis.
Um caso concreto é uma antiga residência do Ministério da Educação, na zona da Estacada, em Bragança, que era um lar para alunas do básico e do secundário e que está abandonada há já alguns anos.
“Estamos a tentar fazer um acordo com o Ministério da Educação, com apoio forte do Ministério do Ensino Superior na intermediação, no sentido de que essa residência nos seja disponibilizada”, adiantou.
O edifício terá capacidade para cerca de 80 alunos, mas ainda será necessário verificar com mais pormenor “qual é a capacidade exata da residência e que obras é que precisa”, assim como se será possível “pô-la já este ano ao serviço dos estudantes ou se ainda precisas obras mais profundas”.
“Foi o alojamento que se identificou mais rapidamente, mas há outros edifícios públicos que também podemos mobilizar para este efeito”, considerou, lembrando que a própria Câmara de Bragança “tem sido exemplar, tem feito algumas ações que também foram elas próprias inovadoras”.
O município comprou alguns edifícios degradados da zona histórica, fez obras de requalificação e tem cedido os espaços ao IPB, que tem já duas residências nesses termos e há uma terceira que será cedida em breve.
Os cerca de 70 quartos já disponíveis nestas condições têm “resolvido muitos problemas no alojamento de alunos internacionais ao abrigo de acordos de mobilidade”.
O politécnico tem ainda residências no campus académico com 340 quartos destinadas exclusivamente a alunos bolseiros.
Um número próximo de quartos foi angariado por duas novas empresas de prestações de serviços a estudantes estrangeiros criadas por ex-alunos no IPB.
Os alunos nacionais são os que sentem mais dificuldade na procura de alojamento num mercado com “muita casa vazia”, como constatou o presidente do politécnico.
O alojamento privado está confinado às proximidades do campus académico, onde já é difícil encontrar quartos e a falta de transportes públicos dificulta o acesso a outras zonas da cidade, segundo o presidente da Associação Académica, Ricardo Cordeiro.
“Numa cidade pequena como Bragança, não pode acontecer ter de mudar de autocarro para chegar de casa ao IPB”, considerou.
O dirigente académico defende que as entidades locais, nomeadamente o politécnico e a Câmara, têm de pensar estas questões e o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, avançou que as duas entidades estão a trabalhar no sentido de pôr linhas de autocarros dedicadas aos estudantes com custo e trajeto especial, para aproximar algumas zonas com maior densidade de habitação ao campus do politécnico”.
Orlando Rodrigues defende que também é necessário começar a pensar na mobilidade sustentável e no uso da bicicleta numa cidade com ciclovias e onde o politécnico disponibiliza este transporte à comunidade.
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