Numa declaração conjunta, no final de um almoço de trabalho no Palácio do Eliseu, em Paris, António Costa começou por falar em francês, agradecendo a oportunidade de um almoço que, "sem problemas bilaterais", pôde concentrar-se "sobre uma visão partilhada sobre o futuro da Europa".

O primeiro-ministro considerou que a eleição de Emmanuel Macron como Presidente de França e "a sua ambição de colocar também a Europa Em Marcha" deu à Europa uma "confiança reforçada", afirmando que "juntos" podem "reforçar a unidade da União Europeia, a convergência económica e social e reforçar a capacidade de a Europa fazer mais, nomeadamente na segurança, emprego e defesa".

"Este almoço de trabalho permitiu concretizar uma visão comum sobre a União Europeia, a prioridade à convergência económica para a estabilização da zona euro e para a reforma da União Económica e Monetária. É sobre esta base sólida daquilo que já conseguimos construir em conjunto que podemos projetar novos avanços, nomeadamente no domínio da segurança e no domínio da defesa", afirmou Costa, já em português.

O Presidente francês também destacou uma "visão comum para mais integração na zona euro", mas começou por saudar as melhorias das contas portuguesas e por "prestar homenagem a António Costa pela sua ação que permitiu conciliar o restabelecimento das finanças públicas e uma política de crescimento e de justiça social que permite dar uma verdadeira sustentabilidade a esta retoma".

"Quero regozijar-me aqui com a situação económica de Portugal que hoje está a melhorar, com um crescimento que se acelera, a redução do défice e um investimento que retoma. É uma boa notícia para Portugal mas também para toda a zona euro porque a zona euro não pode avançar se alguns estados-membros estão enfraquecidos ou atravessam dificuldades", indicou Macron.

António Costa reiterou que Portugal e França têm uma "visão comum sobre a sociedade", apontando que no domínio dos trabalhadores destacados deve ser garantida "simultaneamente a liberdade de prestação de serviços, mas combatendo a concorrência desleal e o dumping social".

O tema dos trabalhadores destacados também foi sublinhado pelo presidente francês, que lembrou que "a Europa que protege" passa não só por uma "Europa da Defesa", mas também pela "reforma de algumas regras" ao nível comercial.

"Falámos sobre o trabalho destacado, com a vontade de encontrar condições justas, conformes aos nossos valores sociais, para lutar contra a fraude, permitir uma livre circulação dos trabalhadores mas não penalizar os trabalhadores mais modestos nos nossos países", afirmou Emmanuel Macron, num contexto em que os portugueses são dos trabalhadores destacados mais numerosos em França.