À porta dos Jerónimos, Macron e Marcelo recusaram os guarda-chuvas enquanto o resto da comitiva assistia à cerimónia abrigada. Os presidentes ouviram os hinos dos dois países, fizeram a revista às tropas sempre debaixo de chuva cerrada e acabaram a entrar no Mosteiro dos Jerónimos totalmente ensopados.

Sabe-se que Marcelo Rebelo de Sousa tem um histórico de dispensar guarda-chuvas e evitar formalidades excessivas. Aconteceu, por exemplo, no dia da transladação dos restos mortais do Eça para o Panteão. E hoje, mais uma vez, viu-se inicialmente um guarda-chuva a cobrir o Presidente e este a esquivar-se. Acredita-se que esta escolha faça parte da sua imagem de proximidade e de "presidente acessível". Tendo já sido várias vezes visto debaixo de chuva, seja em eventos oficiais ou no meio da multidão, como se nada fosse.

Hoje Macron seguiu-lhe os passos, provavelmente por cortesia e para não parecer deslocado. Contudo, o protocolo oficial geralmente prevê cobertura para chefes de Estado em eventos ao ar livre, especialmente em caso de chuva, seja com guarda-chuvas segurados por assessores ou com tendas. No entanto, também depende do contexto e da preferência dos próprios líderes.

Embora não exista um documento único que detalhe todas as diretrizes protocolares para essas situações, as práticas geralmente envolvem a disponibilização de coberturas ou guarda-chuvas para proteger os participantes. No entanto, é importante reforçar a ideia que figuras públicas, como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, podem optar por dispensar essas formalidades, preferindo uma abordagem mais próxima do público. Essas decisões são frequentemente baseadas no estilo pessoal e na imagem que desejam transmitir, mesmo que desviem das práticas protocolares habituais.

E se fosse em França?

Não há forma de antecipar o que aconteceria, mas provavelmente o protocolo teria sido mais rígido. O protocolo francês tende a ser mais formal e organizado, especialmente em eventos oficiais com chefes de Estado. Em ocasiões com mau tempo, a prática habitual seria recorrer a tendas ou cobertura - como aquela onde foi possível ver o Ministro dos Negócios Estrangeiros português e a Primeira Dama Francesa. E se o evento fosse ao ar livre, seria provável haver uma estrutura protegendo os líderes.

Tal como hoje também estavam disponíveis, em França também é comum que assessores ou militares fiquem encarregados de segurar guarda-chuvas para evitar qualquer constrangimento. E, claro, em casos de chuva intensa, os eventos podem ser realocados para espaços cobertos.

Em resumo, é improvável que Macron ficasse à chuva num evento oficial em França. O país valoriza a formalidade, e o protocolo garantiria que o Presidente e os seus convidados estivessem protegidos.

Casos anteriores

Durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, realizada ao ar livre ao longo do Rio Sena, uma forte chuva marcou o evento. Embora a cerimónia tenha enfrentado desafios devido às condições climáticas adversas, como a forte chuva que caiu durante o evento, não registos de que os líderes mundiais tenham apanhado chuva. À excepção, por exemplo, dos Reis de Espanha que acompanharam a comitiva olímpica espanhola no barco onde se apresentou.

A cerimónia, realizada ao longo do Rio Sena, foi marcada por apresentações culturais e desfiles de atletas em barcos, criando um espetáculo visual único, apesar das adversidades climáticas. A presença dos líderes mundiais no Trocadéro simbolizou o apoio internacional aos Jogos e reforçou a importância do evento no cenário global.