“Não estou frustrado. Estou impaciente”, disse Macron, quando questionado sobre a falta de recetividade de Berlim às suas ideias sobre a Europa, no final da Conferência de Segurança, que decorre em Munique.
O Presidente francês e a chanceler alemã não têm escondido as divergências sobre o rumo da União Europeia e sobre as reformas políticas, económicas, sociais e militares de que a Europa precisa.
Hoje, Macron voltou a pedir “respostas claras” do eixo franco-alemão, perante os desafios colocados pelo aliado norte-americano e perante os avanços da China.
“A chave, nos próximos anos, é avançar muito mais rapidamente nos elementos de soberania a nível europeu”, disse Macron, destacando as questões relacionadas com a segurança, em contraste com a posição mais moderada e cautelosa manifestada por Angela Merkel nesta matéria.
O Presidente francês disse ainda que é necessário “dar uma nova dinâmica à aventura europeia”, perante o crescente ceticismo da população em relação ao projeto liderado por Bruxelas, explicando que ainda não percebeu o aparecimento de propostas para construir uma Europa “poderosa” e “soberana”.
Na conversa com os jornalistas, Macron admitiu por várias vezes a diferença de posições com Merkel, mas repetiu que o entendimento entre os dois países é necessário e, em algumas matérias, fundamental.
Um amigo íntimo de Macron, o eurodeputado Pascal Canfin, escreveu recentemente um artigo no semanário alemão Der Spiegel intitulado “Já não vem nenhuma ideia de Berlim!”, em tom sintonizado com o descontentamento hoje manifestado pelo Presidente francês com as posições alemãs.
O ponto alto da divergência aconteceu quando, no final de 2019, Macron declarou a “morte cerebral” da NATO (sigla inglesa para Organização do Tratado Atlântico Norte), sugerindo que a Europa deveria tomar em mão as matérias de segurança e espoletando uma vigorosa reação de desacordo por parte de Angela Merkel.
Desde essa altura, o Presidente francês tem tentado suavizar o conflito com a chanceler alemã, enfatizando a importância de manter um forte vínculo entre os aliados, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos.
Recentemente, Macron propôs a abertura da força de dissuasão nuclear francesa à Alemanha, sob a forma de participação em exercícios militares conjuntos.
Na sexta-feira, aproveitando a presença de Macron em Munique, o Governo alemão disse que estava disposto a “aproveitar a oferta de diálogo” por parte da França.
Mas, hoje, a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, já deixou transparecer algum ceticismo relativamente a esta proposta, alegando que pode enfraquecer o papel da NATO na concertação de esforços militares entre os aliados.
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