No decurso de uma conversa telefónica, Macron manifestou “profunda preocupação” pelos recentes acontecimentos e reiterou a “determinação da França para trabalhar na diminuição das tensões”, referiu o Eliseu em comunicado.

Nas suas declarações, e de acordo com a presidência iraniana, Hassan Rohani advertiu, por seu turno, o homólogo francês que os interesses norte-americanos no Médio Oriente estão “a partir de agora em perigo”, na sequência do ataque de sexta-feira em Bagdad com mísseis disparados por drones.

“Os Estados Unidos devem saber que os seus interesses e a sua segurança na região estão em perigo e que não podem escapar às consequências deste grande crime”, declarou.

Segundo o comunicado da presidência, Rohani acrescentou que “os americanos cometeram um enorme erro estratégico ao assassinarem o general [Qassem] Soleimani”.

Em paralelo, e ainda no decurso do contacto telefónico, Macron apelou ao Irão que se “abstenha de qualquer medida que possa agravar a escalada em curso”, na sequência da morte, num ataque ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos na sexta-feira, de Qassem Soleimani, comandante da unidade da Guarda Revolucionária iraniana especializada em operações de inteligência militar.

Macron reafirmou que a França defenderá a soberania e integridade do Iraque, e considerou necessária a permanência no país das tropas da coligação internacional, “cujo único objetivo consiste na luta contra o [grupo ‘jihadista’] Estado Islâmico”.

O chefe de Estado francês pediu ainda a Teerão que cumpra de novo e “rapidamente” os compromissos com as potências internacionais no acordo sobre o nuclear assinado em 2015.

Macron concordou em manter nos próximos dias um “contacto próximo” com Rohani, e no decurso da conversa telefónica também pediu a libertação imediata dos cidadãos franceses Fariba Adelkhah e Roland Marchal, acusados de espionagem e de atentarem contra a segurança nacional do Irão.

Fariba Adelkhah, especialista em xiismo no Centro de investigações internacionais (CERI) de Ciência Po Paris, e Roland Marchal, especialista no Corno de África, também membro do CERI, foram detidos em junho.

Em declarações hoje à agência noticiosa AFP, o advogado Saïd Dehghan referiu que as autoridades iranianas retiraram a acusação de espionagem dirigida a Fariba Adelkhah, e congratulou-se com o abandono desta ata de acusação, que em certos casos poder ser passível com a pena de morte.

A investigadora é, no entanto, alvo de duas outras atas de acusação: “propaganda contra o sistema” político da República islâmica e “conluio destinado a atentar contra a segurança nacional”, segundo o advogado. A primeira acusação é passível de três meses a um ano de prisão, e a segunda de dois a cinco anos.

Marchal também foi indiciado por “conluio destinado a atentar contra a segurança nacional”.