"A questão não é um nome, mas sim que maioria pode ser obtida na Assembleia Nacional (Câmara baixa) para que um governo de França possa aprovar reformas, um orçamento e fazer o país avançar", afirmou Macron em entrevista à emissora pública France 2.

A NFP, integrada pelo partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), pelos socialistas, ecologistas, comunistas e outras formações, obteve nas legislativas 193 dos 57 deputados, ficando a quase cem assentos da maioria absoluta.

A aliança de centro-direita de Macron ficou em segundo lugar, com cerca de 160 deputados, e em seguida, o bloco formado pelo partido da extrema-direita, Reagrupamento Nacional, e os seus aliados, com 143 legisladores.

"Ninguém venceu" e "é falso dizer que a NFP teria maioria, fosse qual fosse", insistiu o presidente de 46 anos, chamando os partidos de "frente republicana", que exclui a extrema-direita, a estarem "à altura" e "assumir compromissos".

"Evidentemente, até meados de agosto, temos de nos concentrar nos Jogos (Olímpicos) e, a partir de então, em função da evolução destas discussões, caberá a mim nomear um primeiro-ministro", acrescentou.

As suas palavras causaram indignação no campo da esquerda. "Ao negar-se a convocar a NFP para formar um governo, Emmanuel Macron apaga o resultado das eleições legislativas. É uma negação intolerável da democracia", disse o líder do LFI, Manuel Bompard.

Após 16 dias de negociações, a NFP propôs a candidatura de Castets, uma economista pouco conhecida, após não conseguir um consenso anteriormente em relação a dois nomes: a presidente da região da Reunião, Huguette Bello, e a especialista em diplomacia climática Laurence Tubiana.

Castets, de 37 anos e atual diretora de finanças da cidade de Paris, declarou à AFP que aceitou a indicação da aliança "com toda a humildade, mas com grande convicção" e apresentou-se como uma candidata "confiável e séria" para o cargo.

A coligação de esquerda destacou a sua implicação nas "lutas associativas pela defesa e a promoção dos serviços públicos", e o seu compromisso contra o atraso da idade da reforma de 62 para 64 anos, que Macron aprovou por decreto em 2023.