"O PS reconhece que o modelo de desenvolvimento destes 40 anos falhou, que é preciso mudar, mas depois vai elogiar o principal rosto desse modelo, dessas políticas", alertou Paulino Ascenção, à margem de um debate, no Funchal, organizado pelo movimento Madeira Pride.

O cabeça de lista e líder regional do Bloco de Esquerda referia-se às declarações do candidato socialista em entrevista ao Expresso, esta semana, onde Paulo Cafôfo elogiou o ex-presidente do executivo, considerando uma "personalidade inigualável".

Alberto João Jardim governou o arquipélago entre 1978 e 2015, tendo sido eleito pelo PSD sempre com maioria absoluta, e foi substituído no cargo pelo também social-democrata Miguel Albuquerque.

"Isto faz-nos questionar: Quer [Paulo Cafôfo] ser alternativa ou quer ser o fiel seguidor das políticas de Jardim? Está apostado em construir uma alternativa de esquerda, com políticas novas, que respondam à pobreza e à falta de emprego, ou está apostado num bloco central que proteja os interesses dominantes?", interrogou.

Paulino Ascenção considera que o PS deve "esclarecer e explicar" estas "considerações elogiosas", que lhe parecem "completamente descabidas".

O Bloco de Esquerda deslocou-se hoje à freguesia do Monte, nas zonas altas do Funchal, onde distribuiu panfletos e contactou a população porta a porta.

Ao final do dia, o cabeça de lista participou num debate sobre a comunidade LGBTI, organizado pelo movimento Madeira Pride.

"A questão dos direitos das minorias tem sido um dos pontos fortes da atuação do Bloco deste a sua fundação, sejam minorias étnicas ou religiosas ou de orientação sexual", disse, vincando que a "liberdade" e a "igualdade de direitos" são temas fundamentais para o partido.

Paulino Ascenção recordou que muitas causas relacionadas com as minorias foram "abraçadas" pelo BE, numa altura em que "nenhum dos outros partidos" com representação parlamentar o fazia.

O BE tem dois deputados no parlamento regional.

As eleições legislativas da Madeira decorrem em 22 de setembro, com 16 partidos e uma coligação a disputar os 47 lugares no parlamento regional.

PDR, CHEGA, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, Partido da Terra-MPT, PCTP/MRPP, PPD/PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS-PP, CDU (PCP/PEV), JPP e RIR são as 17 candidaturas validadas para estas eleições, com um círculo único.

Nas regionais de 2015, os sociais-democratas seguraram a maioria absoluta - com que sempre governaram a Madeira - por um deputado, com 24 dos 47 parlamentares.