“A nossa proposta é que as negociações terminem com um referendo sobre a independência da Catalunha”, disse Pere Aragonès em Madrid a um grupo de correspondentes internacionais, entre os quais o da agência Lusa.

Estas declarações são feitas um dia depois do seu primeiro encontro oficial como presidente da região da Catalunha com o primeiro-ministro espanhol.

Na reunião de terça-feira, as duas partes constataram as suas diferenças, mas concordaram em retomar o diálogo político na terceira semana de setembro, para tentar resolver o problema catalão.

Também hoje no parlamento espanhol, Pedro Sánchez voltou a afirmar que os socialistas espanhóis, no poder, "nunca" aceitarão um referendo de autodeterminação na Catalunha, a exigência central dos separatistas catalães.

"Não haverá referendo sobre autodeterminação", disse Sánchez aos deputados, assegurando que o Partido Socialista (PSOE), do qual é secretário-geral, "nunca aceitará este tipo de deriva".

Para que se realize um referendo sobre autodeterminação, "aqueles que o defendem devem conseguir convencer três quintos desta câmara para que o artigo 2º da Constituição espanhola possa ser modificado. E em seguida o povo espanhol teria de ratificar esta modificação através de um referendo", sublinhou o chefe do Governo espanhol.

Essa reforma da Constituição parece assim impossível de realizar, porque tem a oposição das três principais forças políticas do parlamento espanhol (PSOE, Partido Popular, de direita, e Vox, de extrema-direita).

A principal exigência do movimento pró-independência é a realização de um referendo sobre a autodeterminação da comunidade autónoma da Catalunha, que tem uma população de 7,8 milhões de habitantes num total de cerca de 47,4 milhões em Espanha.

Em outubro de 2017, o governo regional separatista liderado por Carles Puigdemont realizou um referendo, apesar da oposição do Governo central e da sua proibição pelos tribunais, que foi seguido, algumas semanas mais tarde, por uma declaração unilateral de independência.

O Governo espanhol, na altura nas mãos do Partido Popular, dissolveu o parlamento regional, o que precipitou a queda do Governo catalão, e marcou novas eleições, que foram novamente ganhas pelos partidos separatistas.

Essa tentativa de independência frustrada marcou uma das piores crises políticas em Espanha desde o fim da ditadura de Franco em 1975.

Três anos e meio após a tentativa fracassada de independência, os partidos pró-independência reforçaram novamente, nas eleições regionais de 14 de fevereiro último, a sua maioria absoluta, com 74 dos 135 assentos do parlamento regional.

Num gesto de "reconciliação", o atual Governo de Pedro Sánchez indultou na semana passada os nove líderes pró-independência que tinham sido condenados a penas entre nove e 13 anos de prisão pelo seu papel na tentativa de secessão.

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