“Estamos todos no terreno, estamos todos apostados em manter a paz, a tranquilidade” afirmou a ministra numa breve declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, após uma reunião de cerca de duas horas no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, na presença do diretor nacional daquela polícia, Luís Carrilho, e do comandante do Cometlis, Luís Elias.

Margarida Blasco pediu “às populações dos bairros mais afetados para que mantenham a sua serenidade e a paz”, salientando que “estão sempre no pensamento” do Governo e das forças de segurança para que seja mantida a sua segurança.

A governante disse que se deslocou ao Cometlis para agradecer o trabalho desenvolvido pela PSP e para fazer o acompanhamento da situação que se tem vivido nos últimos dias na Área Metropolitana de Lisboa.

“Esta visita ao centro nevrálgico do Cometlis serviu para o acompanhamento que o Governo e o MAI está a fazer de todo o dispositivo e de todas as ações que estão a ser feitas no terreno pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em conjunto com os outros serviços e forças de segurança”, disse Margarida Blasco.

A ministra aproveitou para “elogiar todos os profissionais da polícia que têm trabalhado estes dias para a manutenção de toda a tranquilidade e reposição da ordem pública” e o “excelente trabalho” desenvolvido.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. A PSP registou 123 ocorrências, deteve 21 cidadãos e identificou outros 19. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.