Em declarações à televisão ucraniana, citadas pela Associated Press (AP), a operadora estatal daquele país adiantou que é impossível reparar as linhas de energia exteriores por causa dos bombardeamentos e que essa operação pode violar normas de segurança de radiação e incêndios.

O chefe da operadora estatal, Pedro Kotin, afirmou que apenas a retirada dos russos da central e a criação de uma “zona de segurança à sua volta pode normalizar a situação em Zaporijia”.

“Apenas nessa altura o mundo poderá respirar fundo”, sublinhou.

A última linha de energia que ligava a central à eletricidade foi cortada esta segunda-feira, deixando-a sem qualquer tipo de fonte de energia exterior.

A central é atualmente alimentada pelo único de seis reatores que se mantém operacional, fornecendo energia aos seus sistemas de segurança.

A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de ataques contra a central, que têm feito recear um desastre nuclear.

Após esforços diplomáticos, uma delegação da AIEA teve acesso na semana passada às instalações e teve a oportunidade de constatar a situação no terreno.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 195.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.