O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, decidiu no mês passado restringir as exportações de vacinas AstraZeneca produzidas pela SII, como forma de combate ao novo surto de contaminação neste país de 1,3 mil milhões de pessoas.
A Índia registou mais de 100.000 novos casos com o novo coronavírus na segunda-feira, um recorde desde o início da pandemia, e o Governo decretou novas medidas de restrição e impediu a SII de exportar as doses de vacina consideradas essenciais para o mercado interno.
Hoje, o líder da SII, Adar Poonawalla, reconheceu que as capacidades de produção da sua empresa são “muito restritas” e admitiu dificuldades económicas provocadas pela impossibilidade de faturar com a sua exportação, por imposição governamental.
Poonawalla também disse que a SII está a passar por dificuldades de produção, que não permitem sequer satisfazer as necessidades internas da Índia.
“O mundo precisa dessa vacina e estamos, para já, a dar prioridade à Índia. Mas ainda não somos capazes de fornecer (vacinas) para todos os indianos que precisam dela”, explicou o presidente-executivo da SII.
Assim, a empresa pediu fundos adicionais do Governo, da ordem dos 30 mil milhões de rupias (cerca de 345 milhões de euros) para aumentar as suas capacidades, explicou Poonawalla.
“Este problema nunca foi colocado inicialmente, porque deveríamos estar a exportar e a obter esses fundos dos países importadores. Contudo, como isso não está a suceder, precisamos de encontrar novas formas de aumentar as nossas capacidades”, concluiu o líder da SII.
A SII, que produz diariamente mais de dois milhões de doses da vacina Covishield, o nome indiano da vacina da AstraZeneca, fornece a vacina para o mercado interno a um preço subsidiado, muito inferior ao preço de exportação.
“O preço determinado permite que a vacina seja rentável, mas não o suficiente para reinvestir substancialmente nas nossas capacidades de produção”, explicou Poonawalla.
A empresa também recebeu um aviso formal da AstraZeneca sobre as consequências dos atrasos nas exportações, ao qual a administração da SII está a tentar responder “amigavelmente”, como explicou Poonawalla, numa entrevista hoje divulgada.
Soma-se a essas dificuldades a proibição por parte dos Estados Unidos da exportação de matéria-prima necessária ao desenvolvimento de vacinas, que afeta em particular a produção pela SII da vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Novavax, acrescentou o presidente-executivo.
“A partir deste mês, a quantidade de Novavax que colocaremos em ‘stock’ será reduzida em metade, comparativamente ao que poderíamos produzir sem as restrições dos EUA”, lamentou Poonawalla.
A SII, que registou vendas de mais de 600 milhões de euros no ano fiscal de 2019/2020, viu os seus lucros aumentarem desde o início da pandemia, com muitos países – incluindo Brasil, Reino Unido e África do Sul — a manifestarem o desejo de adquirir as suas vacinas.
A SII também tenciona fornecer 200 milhões de doses de vacinas para a iniciativa Covax, o dispositivo colaborativo contra a pandemia codirigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que procura distribuir a vacina junto dos países em desenvolvimento.
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