“O mais surpreendente neste estudo é a percentagem bastante grande de professores que acha que os seus alunos não irão recuperar”, disse à Lusa Luís Catela Nunes, um dos investigadores responsáveis pelo inquérito realizado entre junho e setembro deste ano e que envolveu quase 700 docentes.

Seis em cada dez professores disseram não acreditar numa recuperação total durante este ano letivo das aprendizagens perdidas devido ao confinamento, que obrigou ao recurso ao ensino online.

Dos inquiridos, 40,5% manifestaram-se confiantes na recuperação de todos os seus estudantes, enquanto 31,9% estimam que só três quartos irão conseguir e 17,2% temem mesmo que metade dos alunos fique para trás.

As perspetivas de recuperação dos atrasos das aprendizagens são muito diferentes de professor para professor, sendo que “existe menor otimismo entre os professores do ensino público”, salientou Luís Catela Nunes.

Nas escolas públicas, 61% dos docentes estão pessimistas, contra 53% no ensino privado, segundo os resultados preliminares da quarta ronda do inquérito a educadores e professores do Ensino Básico e Secundário.

Quanto ao período que será necessário para recuperar, o ambiente de otimismo volta a ser superior nos colégios privados. Nas escolas públicas, 34,2% dos professores dizem ser preciso pelo menos um ano para recuperar, enquanto no privado 30% afirmaram já não ser preciso mais tempo este ano.

Apenas 26% dos docentes do privado preveem que o período de recuperação se estenderá para além do 1º período do atual ano letivo, enquanto entre os professores das escolas públicas a percentagem sobe para 40%.

Quanto à contribuição do Plano de Recuperação de Aprendizagens do Ministério da Educação (Plano 21/23 Escola +), “as opiniões dividem-se bastante, entre os que acham que será um grande contributo e os que acham que terá pouca eficácia”, resumiu o investigador.

Numa escala de 1 (“não vai contribuir nada”) a 7 (“vai contribuir muito”), a média das respostas situou-se em 4,2, segundo o estudo.

“Penso que existe uma grande expectativa entre os professores para perceber como vai correr, mas não parecem muito otimistas”, disse o investigador, sendo que a perceção acerca da eficácia do plano é semelhante entre professores do 1º e 2º ciclos e do 3º ciclo secundário.

O Centro de Economia da Educação da Universidade Nova de Lisboa (UNL) iniciou no ano passado um trabalho para tentar medir a perceção dos professores do ensino obrigatório sobre o impacto que a pandemia teve nas aprendizagens, na sequência do encerramento das escolas e isolamento dos alunos.

Segundo Luís Catela Nunes, a meio do ano letivo os investigadores poderão voltar a fazer um novo inquérito para tentar perceber qual o ponto da situação.

Esta semana, o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) divulgou um novo diagnóstico das aprendizagens que revelou que os alunos que durante o ensino ‘online’ mantiveram um maior contacto com os professores foram os menos prejudicados pela pandemia de covid-19.

O estudo envolveu mais de 23 mil alunos dos 3.º, 6.º e 9.º anos e tinha como objetivo perceber o estado das aprendizagens em três áreas: literacia matemática; literacia científica e literacia de leitura e informação.

Segundo os resultados do estudo de diagnóstico, os alunos que tiveram aulas síncronas ‘online’ conseguiram melhores desempenhos nas três áreas avaliadas.

O estudo confirmou ainda que os desempenhos dos alunos com ação social escolar (ASE) foram, em geral, inferiores aos colegas sem ASE e que essa discrepância se acentua quando se trata de competências mais complexas.

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