De acordo com o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direção Nacional de Saúde Pública e ao qual a Lusa teve hoje acesso, este surto de cólera em Moçambique regista um acumulado de 36.930 casos, de 14 de setembro de 2022 até 11 de novembro de 2023.
Em 06 de novembro estavam contabilizados 36.542 casos da doença, segundo dados dos boletins de saúde anteriores.
Na última semana, as províncias mais afetadas foram a Zambézia (mais 174 doentes), Tete (104) e Cabo Delgado (102).
No acumulado desde 14 de setembro de 2022, a província da Zambézia continua a ser a mais afetada, com um total de 14.111 casos da doença e 38 mortos, seguida de Sofala, com 7.527 casos e 30 mortos, Tete, com 3.852 casos e 24 mortos, e Niassa, com 3.501 casos e 25 mortos.
O Governo moçambicano anunciou na terça-feira passada o envio de brigadas para quatro províncias do país afetadas pela cólera, visando monitorizar a situação e procurar soluções para travar a doença, um dia depois do anúncio de surtos em alguns distritos.
As brigadas seguiram para Nampula e Cabo Delgado (no norte do país) e Zambézia e Tete (no centro), províncias que “dão sinais da necessidade de uma abordagem mais acutilante sobre a eclosão de vómitos e diarreias”, associados à cólera, disse o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, durante uma conferência de imprensa após a reunião do executivo, em Maputo.
As brigadas “deslocam-se a estas províncias para monitorarem o local e sobretudo para a melhor coordenação sobre as soluções que o Governo tem a propor para este tema”, referiu Filimão Suaze.
As autoridades de Saúde da província da Zambézia, no centro de Moçambique, declararam, na passada segunda-feira, surtos de cólera nos distritos de Gurué, Mocuba e Gilé, com um total de 499 pessoas internadas devido à doença.
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.
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