“Esta carta pretende mostrar que um conjunto de pessoas açorianas não desejam ver a sua região servir, ainda que involuntariamente, de instrumento em ações que possam agravar crises humanitárias ou violar compromissos internacionais de paz e direitos humanos”, lê-se na carta, enviada a responsáveis políticos e militares, da região e do país, que conta com 131 assinaturas.

Os signatários alertam para a “crise humanitária de grande dimensão” a que está sujeito o povo palestiniano, e defendem que, mesmo depois de ter sido comunicado um cessar-fogo em Gaza, o envolvimento indireto de Portugal em operações de transporte de aeronaves ou armamento para Israel deve ser “objeto de total transparência e escrutínio público”.

Em causa está uma escala, em abril, na Base das Lajes, na ilha Terceira, de três aeronaves F-35, que foram vendidas pelos Estados Unidos da América a Israel.

Essa escala terá sido feita sem comunicação prévia ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, uma “falha de procedimento” cujas responsabilidades o ministério disse querer apurar.

A carta foi dirigida ao presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, ao presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, Luís Garcia, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Da parte militar, foi dirigida ao comandante da Base Aérea número 4, coronel João Ricardo Campos da Silva, ao Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general João Cartaxo Alves, e ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general José Nunes da Fonseca.