O número, relativo ao que as organizações internacionais designam pessoas confrontadas com uma “insegurança alimentar grave”, representa um aumento de 35% em relação a 2015, quando havia 80 milhões nessa situação.
A designação diz respeito às pessoas que já sofrem de desnutrição grave e sem meios para prover as suas necessidades energéticas de forma duradoura.
A situação pode agravar-se ainda mais em 2017, onde a situação é especialmente séria no Sudão do Sul, Somália, Iémen e no nordeste da Nigéria.
O relatório, elaborado com base em várias metodologias de classificação, resulta de uma colaboração entre a UE, várias agências da ONU, a agência norte-americana USAid e vários organismos regionais.
Em nove das dez piores crises humanitárias de 2016, a fome foi causada por um conflito civil. Em alguns casos registam-se outros fatores, como o clima, sobretudo secas e chuvas irregulares causadas pelo fenómeno El Niño.
À parte as regiões ameaçadas de fome, em países como o Iraque, a Síria (e os refugiados sírios em países vizinhos), o Malauí e o Zimbabué a situação de insegurança alimentar generalizou-se.
“Podemos evitar que as pessoas morram de fome”, frisou o diretor-geral da Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, apelando para uma “intensificação dos esforços para salvar, proteger e investir nos meios de subsistência rurais”.
E a situação já não é “apenas” uma crise humanitária, explicou a diretora do Programa Alimentar Mundial (PAM), Ertharin Cousin. “A fome exacerba as crises, provocando mais instabilidade e insegurança. O que hoje parece um desafio ligado à segurança alimentar, vai tornar-se amanhã num desafio ligado à segurança em si”.
“É uma corrida contra o tempo, o mundo tem de agir agora para salvar as vidas e os meios de subsistência de milhões de pessoas”, sublinhou.
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